Category Archives: Violência Policial

‘Estavam atirando em nós como se fôssemos criminosos’

Ato com mais de três mil indígenas termina com repressão em frente ao Congresso

Na tarde desta terça-feira (25), mais de três mil indígenas que participam do 14º Acampamento Terra Livre tomaram as ruas da Esplanada dos Ministérios, em Brasília.Depois de realizar uma espécie de grande marcha fúnebre, eles acabaram sendo reprimidos ao tentar depositar quase 200 caixões no espelho de água do Congresso. Os policiais utilizaram gás lacrimogênio e spray de pimenta contra os manifestantes. Havia mulheres, crianças e idosos no ato.

“Essa marcha simboliza o genocídio que o governo, junto ao parlamento e a Justiça, estão fazendo com os direitos dos povos indígenas. Queremos mostrar para o Brasil e o mundo o quanto a legislação indigenista brasileira está sendo atacada”, diz Kleber Karipuna, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Manifestante protege-se de ataque da polícia. Foto: Mídia Ninja / MNI

“A nossa principal pauta é pela demarcação das Terras Indígenas. É a primeira vez que se reúnem mais de três mil indígenas em Brasília nos últimos anos”, comenta Eunice Kerexu Guarani Mbya, da TI Morro dos Cavalos.

Saindo do acampamento, ao lado do Teatro Nacional Cláudio Santoro, a manifestação caminhou tranquilamente durante cerca de 40 minutos, quando chegou ao Congresso. A ação pacífica foi dispersada pelas polícias militar e legislativa.

Protesto foi pacífico até intervenção da polícia. Mídia Ninja / MNI

Angela Katxuyana, liderança indígena do norte do Pará, repudia a ação da polícia: “Cada dia a gente vem sofrendo, vem sendo massacrado, e quando a gente vem dialogar com o Estado, acontece isso. A violência contra os povos indígenas continua tanto no papel quanto aqui”, diz.

José Uirakitã, do povo Tingui Botó (AL), testemunhou a repressão, que se seguiu por mais de 1h, coletou artefatos utilizados pela polícia: “Eles estavam atirando como se fossemos criminosos”, revela.

De Pernambuco, Cida Atikum, uma das quase mil mulheres que participavam da ação, também se indignou: “Nós queremos o que é nosso por direito. Por isso que nós vamos mostrar que ‘pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro!”

Cartucho de bomba de gás recolhido. Foto: Rafael Nakamura / MNI

Após a primeira dispersão, os indígenas tentaram continuar em frente ao Congresso, porém foram atacados seguidamente por novas levas de bombas de gás lacrimogêneo. Com a suspeita de que algum indígena pudesse ter sido detido, diversos manifestantes permaneceram no local com seus cantos e rezas. Ao fim do ato nenhum indígena foi preso.

 

Fonte: APIB

Uma ano em Standing Rock

Jasilyn Charger foi uma das primeiras pessoas a acampar na Terra Indígena Sioux de Standing Rock em abril de 2016. Junto com outros jovens das tribos vizinhas, aos 19 anos ajudou ampliar o conhecimento sobre os riscos decorrentes da construção do Óleoduto da DAP com 2000 milhas da Dakota do Norte até Washington. No momento em que o grupo retornou a Staning Rock, a população do acampamento tinha chegado aos milhares.

Um ano depois, ela reflete sobre as manifestações e como o movimento mudou o curso de sua vida.

Fonte: revealnews.org

Palavras de Chase Iron Eyes Informações atualizadas de 24 de fevereiro sobre Standing Rock

https://www.youtube.com/watch?v=Ps8h7PtG6xU

(Leia abaixo a transcrição parcial da fala de de Chase Iron Eyes)
“Olá meus parentes. Aqui é Chase Iron Eyes. Estou atualmente na Dakota do Norte. Vim para um lugar que tem Wireless para que eu possa fazer uma transmissão ao vivo (live feed), só dar uma atualizada no que aconteceu desde 22 de fevereiro que foi a data que o governo e o aparato repressor da Dakota do Norte decretou para expulsão (despejo) do acampamento de Oceti Sakowin, o campo ao norte do rio Cannon Ball, que está num território reinvindicado com base em um tratado, com apoio de leis internacionais, com base no tratado de 1868 e 1851 como muitos de vocês sabem. O acampamento foi limpo, as últimas detenções foram feitas. Em torno de 40 pessoas foram presas nas últimas 48 horas, ontem, 23 de fevereiro.

Nós estamos por aqui hoje, está muito frio, mas os pontos de checagem (check points) seguem de pé. Ao sul do acampamento, o BIA (Bureau de Assuntos Indígenas) montou pontos de checagem para limitar o acesso, para impedir mais pessoas de chegarem nos locais dos acampamentos.

Sempre que falo, me refiro a geografia:

http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=46.390280&lon=-100.609188&z=13&m=b&search=Cannon%20Ball

O acampamento Oceti fica a norte do rio Cannon Ball, existem três acampamentos que ficam ao sul desse rio, eles são o acampamento Sacred Stones que foi o primeiro a ser montado em 2 de fevereiro de 2016. Havia o acampamento Rose Bud, e havia o acampamento Black Hood.

O acampamento Rose Bud foi destruído em uma operação do BIA e sua força policial, que é uma polícia federal indígena que tenta empurrar para algumas reservas as leis federais.

Existe um grande equívoco, você olha pra eles e eles são indígenas, e veja, elas são policiais, são wichita,  Ao invés de defender as leis federais, deveriam proteger as ordem que é proteger a Mãe Terra, de proteger a sacralidade de nossas reservas de água. Mas não funciona assim: A BIA fa parte do Departamento de Interior, e costumava fazer parte do Departamento de Guerra. A BIA colaborou com agentes do Departamento de Alcool e Drogas, e com o FBI. Eu não vejo ninguém com identificação do FBI durante a invasão, mas eles estão por todas as partes na reserva porque eles mantêm jurisdição sobre crimes maiores em terras indígenas.

Os pontos de checagem seguem de pé indo aos acampamentos do norte da reserva das sete nações. E o bloqueio de estrada mais militarizado da história da Dakota do Norte é o da ponte de Blackwater, lugar do Incidente de Desafio, e do Incidente de Susy. Tem sido lugar de muitos enfrentamentos com feridos, muitas violações de direitos. Foi onde usaram canhão de água em 20 de novembro. Muitos incidentes que são importantes de serem levados em conta. Este bloqueio ainda está de pé.

Lembram de todas as negociações com o governador do estado, em que eles disseram que a estrada estaria aberta aberta para os manifestantes? Mas eles nunca liberaram essa ponte até o oleoduto estar concluído. E nós ficamos sabendo hoje, por parceiros da companhia de transmissão energética, foi que o disseram, as escavações estão concluídas. Eu não sou especialista, eu não sei quando Trump disse que levariam algum tempo para escavar, já deve ter dado tempo suficiente para escavarem por baixo do rio e sair do outro lado. Estão prontos para instalar os tubos. Isso quer dizer que estão escavando desde janeiro.

No acampamento dava para ouvir, dava pra sentir o solo tremendo, dava pra saber que isso estava acontecendo.

(Transcrição temporariamente interrompida em 5min27)

Aparato de guerra no segundo dia de remoção do principal acampamento contra o oleoduto em Standing Rock

https://www.facebook.com/unicornriot.ninja/videos/431320347202192/

Outra vez a mídia alternativa Unicorn Riot registrou imagens do aparato de guerra que invadiu Oceti Sakowin – o principal acampamento contra a construção do oleoduto em Standing Rock – na tarde de ontem.

Uma vez mais – no segundo dia de remoção do acampamento – casas e cabanas foram incendiadas em cerimonias, barreiras foram destruídas por tratores. Dezenas de pessoas que se recusaram a abandonar o acampamento foram presas.

Fonte: Unicorn Riot

 

(Abaixo a cobertura do grupo de mídia Unicorn Riot)

Militarized Force Executes Eviction of Main #NoDAPL Encampment

Cannonball, ND – After nearly a year of struggling against the Dakota Access Pipeline’s construction underneath the Missouri River, water protectors are now scheduled to be evicted from their main encampment. [Watch our LIVE updates below]

UPDATE Thursday, February 23rd, 11:45AM: A large militarized force has moved into the Oceti Sakowin main camp. We are streaming live on “Cam 1” which is embedded below, or directly on Livestream here. Armored vehicles and riot police are moving around the camp, as many camp participants and medics have evacuated across the frozen Cannonball River to the Rosebud Camp.


As of Wednesday afternoon, the encampment, on unceded Fort Laramie Treaty land and maintained by the Army Corps of Engineers, has a few hundred water protectors still holding steady as the eviction looms.

Ceremonial fires have been raging throughout the snow-filled morning.

For our LIVE feeds from the muddy encampments, see below. If we are not live at the moment, click into the ‘event posts’ (play button) on the top right of the stream for today’s videos.

We spoke with an Indigenous elder in the late morning who talked about passively resisting the scheduled eviction, saying,

We have no intentions on leaving, we are standing on our 1868 Fort Laramie Treaty rights, we are taking an 1868 Fort Laramie Treaty stance and we are legitimate 1868 Fort Laramie Treaty representatives. For my people out there, we stand for you, and water.”

Watch the interview below:

He further stated,

This is a sacred site and we are protected by federal statutes … forcefully removing us from treaty territories is another violation. Again, we are here in peace and prayer, we are supposed to be protected and we’re not. We’re going to resist, and it’s passive resistance, we’re not going to fight them. At the same time, we’re going to be praying for them and their families for this water, that they need, that we all need.”

With less than an hour before the set eviction time of 2 p.m., many water protectors marched south out of camp towards the Cannonball bridge as more fires burned.

With less than ten minutes before the scheduled eviction, the north gate into camp was blocked with metal barricades and the security shack was lit afire.

The scheduled eviction time of 2 p.m. came and went with no loud announcements by the police. Since then, groups of water protectors and law enforcement have had discussions on Highway 1806.

More wood structures were lit on fire after 2:30 p.m. CST.

A video update from 2:50 p.m. shows fires still raging across camp with a small amount of water protectors left, riot squads readying on Highway 1806, and the media taking it all in.

After an hour and a half past the scheduled eviction time, police still had yet to enter camp and Army Corps representatives stated that they are scheduled to clean the camp at 9 a.m. tomorrow.

Watch the conversation with the policy advisor for Governor Burgum that happened on Highway 1806 around 3:30 p.m. below:

A bit after 4 p.m. CST, police officers led by the Wisconsin State Patrol started to make arrests of people on Highway 1806, including a Rabbi, legal observers, and journalists.

The person seen in the above picture being tackled by Wisconsin State Troopers and Morton County Sheriffs has been identified as Eric Poemz. While he was attacked he was livestreaming through his Facebook and can be heard screaming in pain after being tackled to the ground and saying he thinks his hip is broken.

There have been 10 arrests so far today according to Dennis Ward from Aboriginal Peoples Television Network.

At about 5 p.m. there was an update given by two water protectors who were acting as the police liaisons.

There’s no negotiating anymore, there’s no ceremonies, they’re just gunna come and arrest. But they’ve given us one last opportunity to say ‘hey we want to leave’ and if we leave then we won’t get arrested.”

They went on to say that the Army Corp of Engineers won’t be entering the camp to do any cleaning until the area is clear of people.

There’s concerns about a group in here that wants to kill the cops. They think there’s some kind of group in here, I have not seen any group like that, but they think there is.”

Meanwhile mainstream media ABC has been allowed to stand with the police and will not be arrested.

 

 

KFYR-TV, a local NBC and FOX affiliate for the Bismarck-Mandan and Dickinson, North Dakota region, was live for a press conference with North Dakota Governor Doug Burgum, Morton County Sheriff Kyle Kirchmeier, and other state and Army officials about today’s eviction.

It’s our desire that people leave voluntarily from the camp and at 9 o’clock tomorrow morning. It’s our intention in a coordinated way again with the state of North Dakota, Standing Rock Sioux Tribe, Army Corp of Engineers, to enter the Oceti Camp and continue the clean up efforts that we’ve begun in the last few weeks.”

Dos Protetores da Água em Standing Rock: “Bravos Corações para o Fronte” (EUA)

Os Protetores da Água em Standing Rock compartilharam esse vídeo

https://youtu.be/RgRhxJAmye4

convidando todos os “bravos corações” para viajarem até a Reserva Standing Rock na Dakota do Norte e se juntarem a eles na luta para impedir a construção do oleoduto de Dakota.

No final do ano passado, a resistência generalizada contra o projeto do oleoduto levou a administração Obama a momentaneamente parar sua construção, com o Army Corps of Engineers (Corpo de Engenheiros do Exército) anunciando que isso conduziria a uma nova revisão dos impactos ambientais do oleoduto. Mas poucos dias depois de sua posse, o presidente Trump soltou um memorando incitando o Army Corps of Engineers a acelerar a revisão e aprovar o processo. As pessoas que resistem no local reportaram que a brutalidade policial e a militarização aumentaram significativamente desde então. Trump também autorizou a polícia a despejar os resistentes a partir de 22 de fevereiro.

Para auxiliar as pessoas no local e ajudar a manter os Protetores da Água fora da prisão, você pode doar para o fundo da Water Protectors Legal Defense (Defesa Legal dos Protetores da Água) no link abaixo:

Secure.Every.Action

Tradução: Bruno Laet

Fonte: Agência de Notícias Anarquistas

Quando a gente sai da aldeia, tem que saber lidar com a estupidez e a discriminação

“Quando a gente sai da aldeia pra estudar ou trabalhar, tem que saber lidar com a estupidez e a discriminação”, afirma a estudante do curso técnico de Enfermagem, Mirtes Sebastião.

Mirtes é uma bela jovem Tupinikuim, que estuda e trabalha em Vitória e cuida dos filhos em Caieiras Velha, Aracruz, norte do Estado. Conta que sempre estudou em escolas fora da aldeia e sempre foi boa aluna. Mas, ainda assim, a discriminação racial foi e continua sendo uma constante em sua vida.

“Mesmo sabendo me comunicar e com português muito correto, no momento em que eu abro a boca pra falar que sou de Caieiras, vêm os preconceitos”, reclama. Por conta dessa violência semvelada, Mirtes conta que já viu muitos colegas desistirem de estudar.

Principalmente os Guaranis, que, segundo ela, são mais tímidos e ainda mais discriminados, devido ao sotaque mais acentuado e à maior dificuldade de acompanhar o ritmo rápido da fala do branco. “Tive dois colegas Guarani que não conseguiam entender o que o professor explicava, ele falava muito rápido. Eu defendi muito os dois, mas não teve jeito, eles saíram da escola”, lamenta.

Já o Tupinikuim, conta, é mais expansivo. “Bate de frente”, afirma. O motivo é o maior esclarecimento das comunidades, que hoje conhecem melhor os seus direitos e sabem se defender. “Mexeu com um, mexeu com todos, é como tocar num vespeiro”, avisa.

Mas mesmo entre os seus, as desistências acontecem e muitos nem tentam sair da aldeia para estudar. “Eles sabem que vão ser achincalhados, debochados”, revolta-se. Mirtes é uma das defensoras da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Aldeia Caieiras Velha. Ela mesma fez a pré-matrícula e, diante da estagnação por parte do governo do Estado, se lançou a estudar na cidade, mas muitos dos que aguardavam a inauguração da escola não a acompanharam e interromperam os estudos.

Discriminação também no trabalho

Hoje, mesmo estudando o curso técnico e trabalhando “no maior hospital do Estado”, como ela gosta de enfatizar, afirma que ainda é discriminada. O preconceito não é escancarado, vem na forma de piadinhas, comentários, conta a jovem. “Porque eles sabem que é crime. Mas mesmo indiretamente, fica dentro da gente, machuca”, relata.

O cacique de Caieiras, Fabiano da Silva Lemos, também lembra de quando era discriminado, durante os doze anos em que trabalhou como carreteiro para a Aracruz Celulose (Fibria). Hoje, trabalhando na aldeia, acompanha o drama de seus parentes. Conseguir emprego nas fábricas é muito difícil, basta dizer que mora na aldeia e as portas se fecham.

Apesar de toda a dificuldade, Fabiano conta que suas memórias de infância são ainda mais tristes. “A gente apanhava na rua, em Coqueiral, se dizia que índio”, lamenta. Durante esta difícil semana para as comunidades indígenas, que realizaram protestos contra agressões sofridas em uma abordagem policial, Fabiano viveu o céu e o inferno. Ao mesmo tempo em que cartazes caluniavam seu povo, acusando-os de desordem e de impedir o progresso no município, ouviu, no mercado, pessoas dizendo que eles devem sim lutar por seus direitos e sua honra. “Elogiaram nossa luta”, compartilha, feliz.

Violência policial e conquistas

Uma semana depois do ato de truculência policial – que feriu seis indígenas e três cavalos na tarde do último sábado (4), próximo à Praia do Padres, em Aracruz – as comunidades liberam a última rodovia que ainda estava bloqueada em protesto: a Primo Bitti, que liga Coqueiral a Aracruz, passando por duas aldeias Tupinikim. Também chegaram a ser bloqueadas trechos da ES 010 e ES 257.

A liberação, no entanto, teve uma condicionante, aceita pelo prefeito Jones Cavaglieri (SD), que, em reunião com os caciques, também se desculpou e relatou sua retratação na rádio local. O prefeito se comprometeu a instalar sinalização e quebra-molas na rodovia, bem como construir um portal na entrada das aldeias. Na próxima segunda-feira (13) as comunidades decidirão sobre um futuro fechamento dessa estrada para fluxo de veículos de fora das aldeias.

A última foi desobstruída nesta sexta-feira (10), após reunião com um capitão, um major e um comandante da Polícia Militar de Aracruz. O cacique de Caieiras Velha, Fabiano da Silva Lema, relata que os três policiais se desculparam diante dos caciques e afirmaram que os agressores serão punidos assim que o quartel voltar a funcionar. As lideranças indígenas estipularam um prazo de 60 dias para o cumprimento da promessa.

Identidade cultural capixaba

O caso da agressão policial tem sido acompanhado pelo Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai), Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH-Serra) e Conselho Estadual de Direitos Humanos, este se envolvendo diretamente em uma temática indígena desde há alguns anos.

“A gente entende a importância de proteger a cultura indígena e como isso é importante também para a identidade capixaba”, alega Morgana Boostel, presidenta do Conselho que, junto ao CDDH, tem buscado uma agenda na Corregedoria da Polícia Militar, para tratar da demissão dos quatro policiais autores da violência.

Apenas uma pauta ainda não avançou: o funcionamento da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Aldeia Caieiras Velha. Alvo de uma ação do MPF, a primeira audiência de conciliação está marcada para março e as tentativas de antecipação ainda não surtiram efeito.

A escola chegou a ser inaugurada no final de 2014, mas não funcionou, pois o governador Paulo Hartung não cumpriu a determinação de contratar os professores e outros funcionários. Resultado: prédio, móveis e equipamentos parados há dois anos, desperdício de dinheiro público – foram investidos cerca de R$ 372 mil pela prefeitura e gestão estadual anterior – e humilhação e abandono de estudo por parte dos jovens Tupinikim e Guarani.

 

Fonte: Século Diário

Tupinikins são agredidos e ameaçados de morte por policiais em Aracruz (Espírito Santo)

Índígenas da etnia Tupinikim, mulheres e crianças, foram violentamente abordados pela Polícia Militar no final da tarde desse sábado (4) na Rodovia ES-010, na altura da Praia dos Padres, em Aracruz, norte do Estado.

Quatro policiais se aproximaram aos gritos e com armas nas mãos, mandando que todos descessem dos cavalos em que estavam montados e deitassem no chão. A desculpa para agressão foi “obstrução indevida da via”.

Uma das lideranças tupinikim afirmou que naquele trecho não havia acostamento, por isso os cavalos ocuparam a pista.

https://www.facebook.com/davi.bolonese/videos/642385879279982/
Os índios tentaram dialogar e acalmar os policiais, apelando para o bom senso. Os policiais por sua vez não foram truculentos com a armas em punho e atitude ameaçadora, não queriam diálogo.

Os policiais então atiraram contra os cavalos, ferindo gravemente três animais. Um dos cavalos teve que ser deixado na rodovia com hemorragia. Vários indígenas também foram feridos por tiros de bala de borracha e cassetetes.

Ao demandarem a presença da Polícia Federal os Tupinikim foram ainda mais insultados, pelos policiais. Um deles afirmou “Índio bom é índio morto”.

Por solicitação dos quatro policiais agressores, outros 40 policiais que participavam de uma greve foram até o local para reforçar o espancamento dos 20 indígenas.

Os Tupinikim bloquearam uma rodovia que atravessa suas terras desde o ocorrido de sábado, e a partir desta segunda (6) bloquearam também a rodovia ES-010 onde se deu o crime policial e a estrada que liga a cidade de Aracruz a fábrica da Fibria (antiga Aracruz Celulose).

Fonte: Século Diário

Indígenas liberam duas rodovias depois de reunião com empreendimentos que impactam as aldeias

As comunidades indígenas de Aracruz, norte do Estado, liberaram duas das três rodovias bloqueadas em protesto contra a violência policial cometida no último sábado (4) e que deixou seis índios e três cavalos feridos.

A decisão foi tomada depois de uma reunião realizada na tarde desta quinta-feira (9), na sede da Associação Tupiniquim e Guarani (AITG), em Caieiras Velha, da qual participaram o Ministério Público Federal, o prefeito de Aracruz, Jones Cavaglieri (SD), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e representantes dos empreendimentos industriais que impactam a Terra Indígena.
A reunião atendeu a duas das quatro pautas reivindicadas pelas comunidades, ambas relacionadas aos empreendimentos industriais em Santa Cruz. Como prometido, à medida que as pautas forem atendidas, os protestos cessarão.Permanece interditada a Rodovia Primo Bitti, que liga as aldeias de Caieiras Velha e Irajá, até que seja conseguido algum avanço na pauta junto à Corregedoria da Polícia Militar, para tratar da demissão dos quatro policiais que agrediram os indígenas e seus cavalos. Também é aguardada uma reunião com o secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha, sobre a abertura da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Aldeia Caieiras Velha.

O principal encaminhamento da reunião foi a realização de uma audiência pública no dia 17 de março, na sede da AITG, reunindo as mesmas entidades, além dos órgãos licenciadores, Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e aberta aos moradores das aldeias.

O tema da audiência é a necessidade de incluir os estudos sobre as comunidades indígenas nos licenciamentos ambientais dos empreendimentos. Douglas da Silva, presidente da AITG, alega que os alguns empreendimentos iniciaram estudos, outros nem isso. E, mesmo assim, os órgãos licenciam as atividades.Os estudos sobre a temática indígena são sistematicamente negligenciados, segundo os caciques, o que gera graves problemas sociais, ambientais e econômicos. Emprego, por exemplo, não é ofertado para moradores de aldeias. “Eles sempre alegam problema de transporte, de logística”, reclama Douglas.

Até a data da audiência, serão realizadas reuniões semanais entre a Comissão de Caciques, a AITG, o MPF e a Funai.

Prefeito se retrata

Durante a reunião, o prefeito Jones Cavaglieri informou que se retratou nesta quinta-feira, na rádio local, explicando que não havia se expressado bem na terça-feira (7), quando ficou subentendido que o prefeito apoia o discurso que confere aos indígenas a responsabilidade pelos caos na cidade, em decorrência da “greve branca” dos policiais militares.

O prefeito também afirmou que vai continuar usando o seu espaço na rádio para esclarecer a população quanto a campanhas difamatórias contra os indígenas. Esta semana, por exemplo, foram vistos cartazes em vários pontos do bairro Coqueiral de Aracruz, dizendo que os indígenas causam desordem e atrapalham o desenvolvimento da cidade.

Indígenas exigem demissão de policiais autores das agressões em Aracruz

Duas rodovias bloqueadas, com passagem permitida apenas para ambulâncias e outras emergências, e reunião marcada para às 13h desta segunda-feira (6) com o Ministério Público Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Essas são as principais ações movidas pelas comunidades indígenas de Aracruz, norte do Estado, em protesto aos atos truculentos da Polícia Militar na tarde do último sábado (4), na presença de mulheres e crianças.

Logo após as agressões dos policiais, os Tupinikim fecharam a rodovia Primo Bitti, que liga as aldeias de Caieiras Velha e Irajá. E na manhã desta segunda-feira (6), também a ES-010 foi bloqueada, na altura da aldeia Três Palmeiras, a partir das 5h.

Ao contrário de algumas mensagens que têm sido compartilhadas nas redes sociais, os protestos são pacíficos e visam chamar atenção para o abuso de autoridade cometido pela Polícia Militar contra os indígenas.

Aegundo informou Josiane Francisco, liderança Tupinikim em Pau Brasil, a Comissão de Caciques se reunirá nesta tarde, na sede da Associação Indígena Tupiniquim e Guarani (AITG) em Caieiras, com o procurador da República em Linhares e o procurador da Funai. “A pauta principal é a demissão dos cinco policiais envolvidos diretamente nas agressões”, destaca Josiane.

O ressarcimento pelos cavalos feridos também é reivindicado. Além disso, outros assuntos pendentes com o governo estadual serão discutidos, entre eles, a abertura da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Aldeia Caieiras Velha. Mesmo inaugurada em dezembro de 2014, a unidade não chegou a funcionar, pois o então recém-empossado governador Paulo Hartung não cumpriu com a parte do Estado na parceria com a prefeitura e as comunidades, ao deixar de contratar os educadores e outros funcionários necessários.

Também nesta manhã os cavalos feridos por armas de fogo foram levados, a pedido da Secretaria de Saúde de Aracruz, para um rancho conveniado, no município da Serra, onde será feita a retirada dos projéteis e a perícia para integrar o processo que os indígenas estão movendo contra a Polícia.