Category Archives: Kaingang

Indígenas se mobilizam novamente na BR 386, em Iraí-RS

Por Julia Saggioratto

O momento é de enfrentamento e a palavra resistência ganha mais significado. O Brasil se organiza para a Greve Geral na sexta-feira 28 e, novamente, os indígenas da região norte do Rio Grande do Sul se mobilizam para paralisar a BR 386, em Iraí, no dia de hoje, além de mobilização em São Valentim, organizada pela TI Votouro e Ti Kandoia.

Segundo informações de Ivan César Cima, da equipe de Frederico Westphalen do Cimi Sul, a pauta continua sendo a luta pela demarcação das terras indígenas, contra o sucateamento da Funai, contra a indicação de cargos ao órgão indigenista oficial por políticos ruralistas, contra as Reformas e em repúdio ao massacre aos indígenas que estão no Acampamento Terra Livre em Brasília, em razão do Abril Indígena.

Segundo o Cacique Luís Salvador, da Terra Indígena Rio dos Índios, município de Vicente Dutra, a rodovia ficará fechada durante todo o dia e à noite com abertura em alguns momentos para liberação do trânsito.

Durante a noite os indígenas permanecem em vigília até sexta-feira, dia 28, para juntarem-se ao movimento da Greve Geral, unindo-se aos demais movimentos sociais para continuar a paralisação e fortalecer a Greve Geral.

Fonte: Desacato.info

Fotos: CIMI-Sul

Violência policial contra os kaingang em Passo Grande da Forquilha

Uma operação de guerra foi organizada no dia 23 de novembro contra os Kaingang da terra indígena Passo Grande da Forquilha, municípios de Sananduva e Cacique Doble, Rio Grande do Sul. A mando de fazendeiros da região, 180 soldados da polícia federal e da brigada militar invadiram a comunidade com armas, cães e cavalos com o objetivo de deter lideranças e desarticular a luta pelos territórios. Um helicóptero e muitas viaturas foram utilizadas na operação.

‘Violenta e humilhante’ foi como os kaingang descreveram a ação da polícia: Toda a comunidade, foi rendida, mulheres, velhos e crianças foram obrigados a deitar no chão sob a mira de armas. Líderes foram presos por portarem arcos e flechas.

No Brasil o agronegócio e o poder legislativo e judiciário vêm agindo em conjunto contra os povos indígenas. Os meios de mídia comerciais tem ocultado e distorcido os fatos, afirmando que os indígenas são criminosos invasores das propriedades e fazendas; povos que há pelo menos 13 mil anos estão neste continente.  Diante desta agressão, os Kaingang afirmaram que seguirão lutando contra a violência e opressão do estado, uma vez que estão há mais de 500 anos resistindo.

Rodear de Solidariedade as iniciativas de comunicação popular indígena!

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Rodear de Solidariedade as iniciativas de comunicação popular indígena!

Em Rio das Cobras, em Araça-í e em qualquer outro território de luta popular!

Em Junho de 2016, no Colégio Rural Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, na região Centro do Paraná, aconteceu o terceiro ciclo de formação sobre comunicação popular e luta indígena, organizado principalmente pelos(as) estudantes e a comunidade. Ciclo esse que faz parte de um trabalho maior iniciado em novembro de 2015, fruto do contato e articulação entre estudantes kai ngangs, comunicadores populares e militantes anarquistas.

Após os últimos ciclos, onde discutimos principalmente o levante zapatista e o movimento de rádios populares e livres na América Latina e no Brasil, neste encontro compartilhamos argumentos e motivos que nos levaram a instalação de uma rádio popular indígena. Entre vários argumentos, o principal que destacamos é a ausência de meios de comunicação onde pode-se utilizar a nossa língua materna, seja o Kaingang, seja o Guarani e a necessidade de um instrumento de luta e organização dos povos originários dessa terra em defesa de seus direitos sociais.

“Se a escola é o lugar do saber kaingang, então aqui queremos construir nossa rádio em nossa língua”, destaca uma das educandas do CREI Rio das Cobras.

Nesta semana de outubro, na Escola Estadual Indígena Mbya Arandu, em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, aconteceu a segunda oficina sobre comunicação e rádio, também organizado pelos(as) estudantes, professores e a comunidade guarani aracaí.

Com o acúmulo já debatido com companheiros da Rádio Livre Xibé (de Tefé-AM) e da AMARC Equador, onde tivemos certeza que dar visibilidade a cultura e arte indígena é fundamental para criar e enraizar a resistência, instalamos e demos início a Rádio Araça-í FM, 105,7FM. Com a programação da transmissão inicial destacamos: O contexto do sucateamento do ensino publico e da rebeldia social nas ocupações de escolas no Paraná; Denunciamos a ausência da demarcação das terras indígenas, e por fim, gritamos BASTA ao genocídio do povo indígena!

É somente com muita solidariedade que a nossa resistência cria forças para o poder popular!

Viva a Rádio de Rio das Cobras! Somos todos dessa terra!

Viva a Rádio Araça-i FM!

Ocupar o Espectro! Ocupar as Escolas! Ocupar e Resistir!

Coletivo de Articulação de Rádios e Comunicação Popular Indígena

Coletivo Rádio Gralha

Coletivo Anarquista Luta de Classe (CALC)/CAB

Fonte: RadioLivre.Org

Estudante Kaingang é espancado em Porto Alegre

Em 19 de março, Nerlei Kaingang, estudante de veterinaria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi espancado por outros estudantes em frente à Casa dos Estudantes da universidade.

A UFRGS até agora não tomou qualquer providência, protegendo pela identidade dos agressores, acobertando os estudantes racistas.

Ataques aos kaingang no sul do Brasil demonstram como atitudes antiindígenas são presentes no cotidiano das instituições estatais de ensino.

Senado aprova construção de hidroelétrica em terra kaingang em Santa Catarina

No 16 de março, uma Comissão do Senado (Cidadania e Justiça) aprovou a construção de mais uma hidroelétrica na Terra kaingang de Toldo Chimbangue, Santa Catarina.

Através do decreto legislativo 53/2014 a CCJ do Senado autorizou a exploração hidroelétrica e consequente destruição do bioma do rio Irani.O que se viu uma vez mais foi a manipulação de discursos de respeito a diversidade ambiental e cultural, e apologia à políticas de compensação que nada compensam.

Esta aprovação mostra como palavras vazias “cidadania e justiça” são manipuladas para encobrir intenções etnocidas. Para além da máscara desbotada da democracia, o estado segue trabalhando em favor dos interesses dos que têm poder e influência. A noção de cidadania não inclui os indígenas, ao contrário, serve a manutenção e expansão dos privilégios acumulados por governantes, latifundiários e empresários.

Megaconstruções em terras indígenas evidenciam que a demarcação de terras não passa de outra falácia do “estado de direito” para pacificação das populações originárias enganadas. Para estadistas e governantes as “terras indígenas” não são de fato indígenas, mas tratadas como “vazios”, reservas de recursos a serem explorados.

Os Kaingang, povo do curumim assassinado, em eterna fuga

Os Kaingang, a tribo do menino de dois anos assassinado no final do ano em Santa Catarina, peregrinam pelo litoral catarinense durante o verão para manter a tradição do artesanato. Moradores de cinco aldeias do Oeste e três do Rio Grande do Sul comercializam cestarias em Laguna, Pinheira, Garopaba, e são constantemente expulsos. De locais públicos.

No dia 8 de janeiro, índios que estão acolhidos na Casa de Passagem Indígena em Curitiba se manifestam contra morte de menino em Santa Catarina.

Os pais do menino Vitor, Sônia e Arcelino, nasceram em aldeias distintas do Rio Grande do Sul. Migraram há quase duas décadas para Condá, uma aldeia às margens do rio Uruguai, que sobreviveu à Guerra do Contestado e aos roubos de terras dos funcionários do Serviço de Proteção ao Índio.

Preencher o vazio demográfico do Oeste catarinense era um desafio para o Império, que, como solução, estimulou três ondas pioneiras: pastoril, extrativista e de expansão agrícola. Se o Oeste precisava crescer, os indígenas eram vistos como entraves.

Com as terras expropriadas, os Kaingang da Condá viviam abrigados em barracos de lona no centro da cidade até a década de 90. Na época, muitos foram espancados por moradores do município. A repulsa da sociedade fez com que fossem removidos para o local.

A aldeia Condá tem 2.300 hectares e fica na zona rural. Cerca de 800 pessoas vivem lá. O isolamento fez com que muitos indígenas sequer aprendessem o português. Eles falam Jê. Durante o inverno produzem sua arte para vender no verão. Família que ganha bem lucra no máximo 800 reais por mês. Nos meses frios o dinheiro aperta. Os pais de Vitor torciam por boas vendas no veraneio para adquirirem uma geladeira.

Os Kaingang também são alvo dos  integrantes dos Conselhos Tutelares, que vigiam o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, por carregarem as crianças para o trabalho. “Como vamos proibir? Eles precisam aprender nosso ofício. Meu filho não gosta de mendigar, de pedir esmola, mas vender ele adora”, disse Sônia.

Os pais de Vitor estão convictos: não deixarão de trabalhar. “É isso o que fazemos, é a nossa cultura. Se me entrego deixo de pensar nos meus filhos e netos, daí eles que terão que vencer esse preconceito. Vamos continuar lutando e as pessoas terão que nos aceitar”, disse Arcelino.

O historiador Clóvis Brighenti explica o ódio contra a etnia relacionando justamente com o trabalho. Para os imigrantes europeus, que povoaram Santa Catarina, a terra serve para produzir, para explorar. Para os Kaingang, é parte do sagrado. Assim foi construída a ideia de que os índios são vagabundos, que deixam o mato crescer ao invés de plantar. A maledicência repetida se enraizou como verdade. “Desde a escola eu já sofria. Me chamavam de suja, de bugre, de macaca. Falavam que eu morava nos matos, que era filha de vagabundos”, lembrou a vice-cacique da Condá, Márcia Rodrigues.

A intolerância, no entanto, não é novidade. Durante o Império foram criados aldeamentos para os Kaingang. Para fugir da morte, aceitavam a evangelização dos freis capuchinhos. Em 1910 foi criado o SPI (Serviço de Proteção aos Índios), transformando esses locais em reservas.

Segundo o antropólogo Diego Eltz, a partir da década de 40, com a ditadura varguista, os Kaingang sofreram um processo de expulsão das suas terras e só puderam reivindicar moradia a partir de 1988, após promulgação da Constituição.

Preencher o vazio demográfico do Oeste catarinense era um desafio para o império. E se o Oeste precisava crescer, os indígenas eram vistos como entraves

O Relatório Figueiredo, desaparecido por 45 anos, apurou essas matanças e torturas. Supostamente eliminado em um incêndio no Ministério da Agricultura, o documento foi encontrado no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, com mais de 7.000 páginas preservadas, em abril de 2013. Em um dos trechos, o relator Jader de Figueiredo descreve sua indignação:

“É espantoso que existe na estrutura administrativa do país repartição que haja descido a tão baixos padrões de decência. E que haja funcionários públicos cuja bestialidade tenha atingido tais requintes de perversidade. Vendera-me crianças indefesas para servir aos instintos de indivíduos desumanos. A fertilidade de sua cruenta história registra até crucificações, os castigos físicos eram considerados fatos normais nos Postos Indígenas. Os espancamentos, independentes da idade ou sexo, participavam da rotina e só chamavam atenção quando, aplicados de modo exagerado, ocasionavam a invalidez ou a morte. Havia uns que requisitavam a perversidade, obrigando pessoas a castigarem seus entes queridos. Via-se, então filhos baterem em mães, irmão espancar irmã. O tronco, era todavia, o mais encontradiço de todos os castigos. Consistia na trituração dos tornozelos da vítima”.

A SPI tinha 130 postos em 18 Estados brasileiros e foi extinta em 1967, dando origem a Funai (Fundação Nacional do Índio). Além da vida, os Kaingang perderam terras em todo seu território, que compreende os três Estados do Sul e São Paulo. Brighenti explica: “Os indígenas representam o passado que incomoda. Aqueles que não deveriam mais existir”.

Atropelamentos

O Conselho Indigenista Brasileiro (CIMI), braço da Igreja Católica que milita na causa indígena, continua a denunciar violências agudas. Em 2015, sete Kaingang foram atropelados em estradas gaúchas e catarinenses. Morreram sem socorro. Em setembro de 2014, uma população enraivecida do município de Erval Grande, no Rio Grande do Sul, expulsou 45 indígenas acampados às margens de uma rodovia estadual. Com apoio da Polícia Militar, sem ordem judicial e sem o conhecimento da Funai, centenas de moradores foram ao acampamento dos Kaingang e obrigaram os indígenas a embarcar num ônibus que os transportou para a cidade de Passo Fundo, a mais de 140 km de distância.

Na madrugada do dia 17 de novembro do mesmo ano, a Polícia Federal e a PM ocuparam a estrada em frente à comunidade Kaingang de Kandóia, no município de Faxinalzinho, Rio Grande do Sul. Vieram 200 soldados munidos com armamento pesado, cavalaria, 70 viaturas, helicópteros e cães policiais. Foi uma caçada.

Há ainda casos célebres. Em 1984, uma mulher Kaingang foi encontrada morta, com um pedaço de taquara transpassando seu corpo – da vagina à boca. Seu corpo foi encontrado nas proximidades da cidade de Tenente Portela (RS). O autor do crime, um proprietário de terras da região, confessou pouco antes de morrer a autoria. Justificou ter sido motivado pelo ódio que sentia dos índios.

No sétimo dia do assassinato de Vitor outro indiozinho morreu, desta vez de fome. Jadson Batista Lopes, um ano, foi enterrado na aldeia Kurussu Ambá, no Mato Grosso do Sul. Desde 2007, cinco crianças morreram na aldeia por desnutrição. O mais velho tinha cinco anos. De acordo com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), a falta de alimentação matou quase 600 crianças indígenas nos últimos dez anos. Nas estatísticas, metade da mortalidade infantil no país é ocupada por índios, mesmo que eles representem apenas 0,4% da população.

Fonte: El País

Vitor Kaingang 2 anos degolado em via pública

No dia 30 de dezembro de 2015, Sonia viu seu bebê ser degolado por um branco após um falso carinho,na rodoviária de Imbituba, Santa Catarina.

Imaginar sua dor é difícil. O que fazer diante desta desta brutalidade civilizada? Vitor morreu em seus braços em meio à via pública. Mateus de Ávila Vieira é o nome do matador de Vitor. Jovem de alta classe, Mateus é produto de uma civilização doentia.

Indícios dessa doença estão no silêncio cúmplice de muitos setores da sociedade não indígena, e mesmo aqueles que deveriam informar, as mídias comerciais.

Fazendeiros, políticos e empresários tenham talvez comemorado com discrição, vendo seus discursos de ódio se transformar em prática. A faca que cortou a garganta de Vitor foi empunhada por muitas mãos.Nossa total solidariedade e apoio à família de Vitor Kaingang Pinto e a todos os indígenas que diante das punhaladas (de racistas covardes), da dor e do luto, abraçam a vida e se agarram à luta.

[Video] Sentindo o outro lado: perseguição e resistência kaingang em Kandóia

Após o bloqueio de uma estrada, em um protesto contra as eternas mentiras (promessas) dos políticos, a comunidade Kaingang de Kandóia (RS) entra em confronto se com colonos locais. Dois colonos sequestram um jovem kaingang, e acabam sendo mortos no enfrentamento. Semanas depois, a Policia Federal e representantes da FUNAI detêm cinco lideranças da comunidade em uma armadilha disfarçada de reunião. Diante disso, uma mulher kaingang kujá (pajé), sonha com a mãe de um dos presos que pessoalmente não conhece, e decide viajar até Kandóia para dar consolo. As perseguições, a montagem midiática e política que seguiram a estes acontecimentos. Uma resistência que se inscreve em uma cosmologia própria, onde o lugar dos conhecimentos dos kujá aparecem como motor para continuidade da luta.

À memória de Augusto Opë da Silva e de Francisco Rokág dos Santos

No dia 31 de maio de 2014, Augusto Ope morreu aos 58 anos. No dia 17 de agosto de 2015 se foi também Francisco Rokág aos 53.

Ambos morreram com pouco mais de um ano de diferença, ambos se foram por conta do câncer, esta maldita doença que se alastra como epidemia pela civilização.

Em 1985 Augusto se envolveu na luta pela retomada da terra kaingang de Iraí, que então estava na mão de colonos ali assentados por décadas, pelas políticas antiindígenas do estado brasileiro. Francisco também lutou desde cedo e a luta o levou caminhar para reaver as terras roubadas de seus ancestrais em Porto Alegre, São Leopoldo ou Lageado, e outros lugares.

Augusto e Francisco lutaram com sabedoria, relembrando a história de seu povo e repassando seu conhecimento para os mais jovens. Nenhum dos dois se deixaram abater quando o câncer, a doença dos fög tomou seus corpos. Seguiram lutando enquanto tiveram forças.

Tanto Augusto quanto Francisco são lembrados por seus amigos, yambré e rengré pela sabedoria tranquila e palavras fortes. Ambos lembravam de um tempo de seus ancestrais, quando a terra era fértil e havia abundância, lhes dava todo o necessário para uma boa vida.

Augusto foi um grande promotor da saúde entre seu povo. Denunciou em vida formas do genocídio a que os Kaingangs estão submetido, os remédios dos fög que fazem as pessoas adoecerem, e a comida dos civilizados, que ao invés de nutrir, enfraquecem e podem matar.

Seu Chico, foi um sábio e grande gaiteiro que conhecia a vida na mata, um líder de seu povo. Sua morte também se deu por conta do descaso racista com que são corriqueiramente tratados indígenas pelo sistema de saúde estatal do Brasil. Francisco Rokag recebeu um diagnóstico de tuberculose errado, e seguiu tratando essa doença por anos, enquanto era um câncer que o consumia.

Augusto Ope e Chico Rokág estão mortos, ainda assim suas pegadas seguirão vivas, chamando e levando outras gerações à luta.

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26 Kaingang de Kandóia indiciados pela morte dos dois pistoleiros

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No dia 21 de maio de 2015, foi noticiado que 26 Kaingang da Terra Kaingang de Kandóia, no município de Faxinalzinho (noroeste do Rio Grande do Sul), serão indiciados dentro de um prazo de mais ou menos duas semanas pela morte de dois pistoleiros. Estes tem sido tratados como vítimas e agricultores pela mídia burguesa no intuito de criminalzar os indígenas em luta pela terra.

Com o objetivo de desmobilizar e ameaçar a comunidade kaingang de Kandóia que bloqueava uma rodovia, estes dois pistoleiros sequestraram um adolecente kaingang no dia 28 de abril do ano passado. Em uma ação de autodefesa, os kaingangs resgataram o adolecente do controle dos pistoleiros que, após dispararem uma das armas, acabaram sendo linchados.

Legitimada pela mídia, na noite de 17 de novembro de 2014, uma mega operação policial foi efetivada contra a comunidade kaingang de Kandóia. Com mais de 270 policiais federais e estaduais, a operação rendeu toda comunisade aterrorizando as famílias que ali viviam, apontado armas para crianças e coletando material genético dos adultos com o argumento de encontrar “provas” contra os responsáveis pela execução dos “agricultores.

Incidente em Kandóia: Violência e cerco policial

Anteriormente, no dia 9 de maio de 2014, sete das lideranças de Kandóia foram detidas apos serem convocados para uma suposta reunião de “conciliação” no centro cultural de Faxinalizinho. A reunião de fato nada tinha de conciliatória, se mostrou uma armadilha montada por diferentes esferas policiais com o aval da FUNAI para capturar estas lideranças.

Solidariedade aos Kaingangs presos acusados da morte de dois agricultores

Tentando fazer passar ao encarceramento dos Kaingang como um ato de justiça, desvinculado da sua luta pela terra é mais uma estratégia do Estado ruralista para legitimar suas ações terroristas. Além de criar castigos exemplificadores, o aparato repressor colonial tem como meta remover os Kaingang de Faxinalzinho, garantindo no município a supremacia dos colonos brancos sobre os territórios ancestrais kaingang.

No entanto, ao contrário do esperado, a repressão parecem fortalecer as convicções dos kaingang em luta. No momento da sua prisão as lideranças de Kandóia mostraram-se firmeza e dignidade diante das políticas do terror do Estado. Também a comunidade de Kandoia resistiu e enfrententou com força as repercussões do encarceramento das cinco pessoas no seio da aldeia e nos arredores onde foram perseguidos continuamente, por policiais e pistoleiros colonos.

Frente as manipulações da mídia e aos enganos do Estado ruralista, não se pode ficar de braços cruzados. É de suma importância que estejamos alertas e preparados para denunciar e enfrentar esta nova onda de repressão em Kandóia.

Nosso desejo de força e vitória à comunidade de Kandóia em luta!