Category Archives: Hidroelétricas

Kaiabi detêm 7 funcionários da hidroelétrica Teles Pires

Após a destruição ambiental causada por um vazamento de óleo no rio Teles Pires, em 24 de novembro os Kaiabi detiveram uma engenheira e seis funcionários da construção da hidroelétrica.

Os indígenas exigem a presença do presidente da FUNAI e ministros. Após a FUNAI se comprometer em cumprir as solicitações  dos Kaiabi, os funcionários foram liberados 24 horas depois  sem ferimentos.

Poluição devasta rio Teles Pires e causa revolta aos Kaiabi

Uma grande mancha de óleo cobriu parte do rio Teles Pires, divisa do Mato Grosso com o Pará, no início do mês de novembro prejudicou a pesca e contaminou o fornecimento de água de pelo menos 15 aldeias indígenas daquela região.

Boto rosa morto pela contaminação no rio Teles Pires foi visto pelos Kaiabi boiando em suas águas

Segundo o cacique Tawari Kaiabi, sua aldeia foi afetada diretamente pela mancha de óleo.“Não podemos mais consumir a água do rio, nem pescar para comer. Nosso modo de vida foi alterado”.

Após a contaminação os Kaiabi passam a depender do recebimento de água limpa em galões que vem de barco.

Tawari também contou que a saúde dos índios foi afetada. “Depois do vazamento as crianças e os adolescentes estão com diarreia e nossa suspeita é que tenha sido causada pela contaminação”, disse, explicando que tenta convencer os indígenas a não tomar a água.

Não se sabe se a origem da mancha vem da hidroelétrica construída no Rio Teles Pires, de algum vazamento de óleoduto, ou das balsas garimpeiras da região. Tristes e revoltados, os Kaiabi agora recebem galões de água de canoa, exigindo explicações e reparações imediatas dos responsáveis.

Quem lucra com as hidroelétricas que levarão morte ao rio Tapajós?

A Amazônia e seus habitantes estão constantemente ameaçados pela ganância desenvolvimentista do grande capital e seu funcionário, o governo brasileiro. Mais de 375 quilômetros quadrados de floresta estão para ser inundados para a construção de 32 hidroelétricas na bacia do rio Tapajós.

Mesmo antes da construção,o desmatamento na região irá alcançar índices sem precedentes. Após a inundação, a floresta morta submersa apodrecerá liberando enormes quantidades de metano na atmosfera intensificando ainda mais o efeito-estufa.

Terras indígenas como a Sawré Muybu já foram sufocadas sob o peso do lobby industrial: sua demarcação foi embargada. A construção dessas megaobras afetarão as vidas centenas de milhares, indígenas e ribeirinhos. Os Mundurukus perderão seu rio sagrado, as terras em que habitavam seus ancestrais. Muitos serão forçados a viver em conjuntos habitacionais, ou nas periferias das cidades. Em nome do lucro de uns poucos, a vida de muitos será sufocada. Mas quem é a minoria que manobra o estado para garantir seus lucros com tamanha desgraça?

Os políticos que afirmam que as hidroelétricas são para gerar energia para o povo, mentem descaradamente na defesa dos interesses de seus patrões. Os ganhos serão para corporações, indústrias de metais pesados, construtoras, megamineradoras e latifundiários. Seus portos, estradas, minas e parques industriais ocuparão o espaço que foi um dia a floresta.

Existirá alguma força que possa impedir essa enorme tragédia ambiental anunciada? Qual é a resposta que merecem esses ecocidas?

Senado aprova construção de hidroelétrica em terra kaingang em Santa Catarina

No 16 de março, uma Comissão do Senado (Cidadania e Justiça) aprovou a construção de mais uma hidroelétrica na Terra kaingang de Toldo Chimbangue, Santa Catarina.

Através do decreto legislativo 53/2014 a CCJ do Senado autorizou a exploração hidroelétrica e consequente destruição do bioma do rio Irani.O que se viu uma vez mais foi a manipulação de discursos de respeito a diversidade ambiental e cultural, e apologia à políticas de compensação que nada compensam.

Esta aprovação mostra como palavras vazias “cidadania e justiça” são manipuladas para encobrir intenções etnocidas. Para além da máscara desbotada da democracia, o estado segue trabalhando em favor dos interesses dos que têm poder e influência. A noção de cidadania não inclui os indígenas, ao contrário, serve a manutenção e expansão dos privilégios acumulados por governantes, latifundiários e empresários.

Megaconstruções em terras indígenas evidenciam que a demarcação de terras não passa de outra falácia do “estado de direito” para pacificação das populações originárias enganadas. Para estadistas e governantes as “terras indígenas” não são de fato indígenas, mas tratadas como “vazios”, reservas de recursos a serem explorados.

Mulheres indígenas bloqueiam entrada de canteiro de obras em Belo Monte

Para cobrar indenizações da empresa que constrói a usina elas levantaram acampamento em frente a obra e dizem que só sairão quando forem ouvidas

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No mesmo dia em que a Norte Energia comemorou o giro da primeira turbina da hidrelétrica Belo Monte, na quarta (17/2), as mulheres indígenas que vivem há 10 km da barragem principal da usina bloquearam o acesso de trabalhadores para pleitear uma reunião com a empresa Norte Energia sobre os danos causados pelo enchimento do reservatório. A usina está há quatro anos em construção no Rio Xingu (PA).

Mulheres indígenas bloqueiam acesso ao sítio Pimental e impedem a entrada de trabalhadores na barragem principal de Belo Monte

“Nós perdemos muita coisa e estamos tendo muito prejuízos com a pesca”, diz Leiliane Juruna, conhecida como Bel (veja o vídeo).

Os índios Juruna e Arara da Volta Grande do Xingu alegam que não foram comunicados sobre a abertura das comportas e liberação de uma quantidade de água inesperada. Eles dizem que a chegada repentina da água teria levado embora pertences que estavam nas praias e beiras do rio nas aldeias, como redes de pesca e barcos, entre outros.

Da seca a enchente

O Rio Xingu viveu uma seca intensa no fim de 2015, época em que o rio foi definitivamente barrado após a licença de operação da usina. Os índios afirmam quer foram surpreendidos por uma enchente repentina nos dias 24 e 25 de janeiro, na Terra Indígena Paquiçamba. O enchimento do reservatório principal e o intermediário, por meio do desvio das águas do Xingu, foi concluído no dia 13 de fevereiro, segundo informações no site da Norte Energia, empresa responsável pela obra.

Além de uma indenização pelos danos materiais, os índios pedem a criação de um fundo para manutenção das associações indígenas. Outra exigência para desocupar o acesso aos canteiros de obras é ter informações sobre a fase de operação e barragem do rio.

Índios da etnia Juruna e Arara da Volta Grande bloqueiam rodovia Transamazônica para pedir indenizações

“Soubemos ainda por pessoas que trabalham na barragem que há diversas rachaduras e infiltrações no paredão do Pimental e queremos saber informações da Norte Energia, Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente], Ministério Público Federal e do governo a respeito, pois estamos com medo da barragem romper e acabar com nosso povo”, afirma uma carta divulgada pelos manifestantes (leia documento completo).

Na manhã desta quinta-feira (18/2), os Juruna e Arara também prenderam 43 ônibus da Norte Energia, na rodovia Transamazonica, impedindo o acesso de trabalhadores ao sítio Belo Monte, onde esta localizada a casa de força principal da usina.

Até o fechamento desta reportagem a Norte Energia ainda não havia enviado porta voz para falar com os índios. Ainda sobre as possíveis rachaduras na estrutura da usina, a reportagem entrou em contato com o Ibama. Em nota, o órgão afirmou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é responsável pela fiscalização da segurança de barragens.

Quem são os Juruna?

Juruna é o nome pelo qual o povo Yudjá da Volta Grande ficou conhecido nos contatos com os brancos. Os Yudjá são exímios navegadores, canoeiros, e também chamados de “os donos do rio”, pelo fato de, no passado, terem cruzado da foz as cabeceiras do Rio Xingu. Ao lado dos Arara da Volta Grande, são os grupos indígenas que vivem mais próximos dos canteiros de obras de Belo Monte. Além de já conviverem com os impactos da obra há pouco mais de 10 km de suas terras, também terão de conviver com cerca de 80% de redução do fluxo de água após o barramento do rio. Será um grande teste de resistência da biodiversidade e dos povos que vivem neste trecho da Amazônia.

Com Belo Monte, os Juruna se veem, mais uma vez, ameaçados. As famílias dependem da pesca artesanal e ornamental para alimentação e geração de renda. Os estudos de impacto ambiental da Volta Grande do Xingu são inconclusivos. Nem os cientistas e nem os indígenas sabem, neste momento, as dimensões do impacto que a usina poderá causar no rio, com a possível extinção de espécies endêmicas, que só existem nesta região do planeta.

Fonte: Instituto SocioAmbiental

Índios Munduruku: Tecendo a Resistência (Documentário)

O governo brasileiro está planejando construir um grande número de barragens hidrelétricas nos rios da Amazônia, destruindo a biodiversidade e interrompendo o modo de vida de milhares de índios e populações locais. Agora que as obras da gigante barragem de Belo Monte, no rio Xingu, estão a todo vapor, o governo está avançando com o seu próximo grande projeto – uma série de barragens no rio Tapajós. Mas os mais de 12.000 índios Munduruku, temidos como guerreiros, vivem nessa região e estão se mobilizando.

O documentário mostra a vida em uma aldeia Munduruku, onde as tarefas tradicionais são praticadas diariamente e as crianças crescem com uma liberdade admirável. O filme documenta o crescimento de sua resistência, que de diferentes formas sempre existiu, inclusive entre as mulheres, que têm papel fundamental nessa luta, e que agora também estão se levantando como guerreiras na articulação contra as barragens hidrelétricas.
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Este documetário foi produzido de forma independente, com apoio de algumas organizações, grupos da região do Tapajós e lideranças Munduruku. Toda a pós-produção foi executada graças ao trabalho colaborativo e em solidariedade à luta do povo Munduruku.

| Ficha técnica |

Reino Unido/Brasil, 25min
Dir.: Nayana Fernandez
Produção: Sue Branford, Mauricio Torres e Nayana Fernandez
Camera / Som: Nayana Fernandez
Edição: Nayana Fernandez e Jason Brooks
Edição de Som: Aquiles Pantaleão e Michal Kuligowski
Desenho de Som: Michal Kuligowski
Graficos: Mariana Delellis
Música: “Whispers” – Por Kushal Gaya e Jenny Sutton / “Mi Corazón” por Kike Pinto
Imagens adicionais: Índios Munduruku (aldeia Teles Pires), Emilio Días (aéreas), Alejo Sabugo (aldeia Restinga)
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“Índios Munduruku: Tecendo a Resistência”, de MiráPorã, está registrado sob licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 – International License e pode ser baixado gratuitamente para maior difusão no link a seguir.

Chamado contra Belo Monte – Um Genocídio Energético

Em 10 de Dezembro de 2014 – Dia Internacional da Luta Contra Belo Monte

Um enorme buraco em meio a floresta irá servir ao mesmo tempo de berço para o progresso estatal e capital, e túmulo para os povos indígenas do Xingu e Tapajós. A usina hidroelétrica de Belo Monte segue sendo construída a despeito de seus terríveis impactos e sua ineficiência sazonal. O fundamentalismo energético capitalista não cessa de colocar em risco o futuro das gerações vindouras dos povos ameríndios no Brasil.

A construção de Belo Monte anuncia não uma guerra, mas o assassinato premeditado de modos de vida milenares desenvolvidos em relação e harmonia com as cheias e secas dos rio Xingú, a vastidão viva da floresta amazônica, o respeito da diferença em toda suas diferentes formas e expressões.

A violência da civilização industrial não conhece limites.

Para além das propagandas, o estado brasileiro ergue Belo Monte para cumprir seus acordos sujos com grandes construtoras, (CCBM, Norte Energia entre outras) que atualmente financiam as campanhas do Partido dos Trabalhadores. Este governo como qualquer outro ambiciona mais impostos, planejando futuros parques industriais e zonas francas, a instalação de grandes minerações (Projeto de Volta Grande da Belo Sun Mining corporação canadense de extração de ouro e outros metais) e indústrias metalúrgicas altamente poluentes nas proximidades e mesmo dentro das terras indígenas.

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Munduruku paralizam retroescavadeiras em ocupação do pátio de obras da usina de Belo Monte para protestar contra a sua construção em 8 de junho de 2012.

O projeto de Belo Monte foi elaborado no último período ditatorial. Nos últimos governos este projeto foi resgatado e vem sendo implementado da forma mais autoritária possível por um regime pretensamente democrático. A exigência por justiça dos povos indígenas nos faz lembrar que este estado de direito é uma falácia e que não há diferença alguma entre as políticas dos ditadores em relação àquelas dos seus predecessores democratas.

Belo Monte é apenas uma das muitas covas cravadas no futuro dos indígenas, muitas outras hidroelétricas seguidas de polos industriais estão sendo planejadas para os próximos anos. Os PAC – Planos de Aceleração do Colapso – são parte do IIRSA – Iniciativa para Integração da Infraestrutura Física Sul-Americana – uma infinidade de mega-obras voltadas para o aumento da produção capitalista nos países sul-americanos, sempre em detrimento da vida de milhões de pessoas, afetando principalmente as populações indígenas e ribeirinhas.

Mulher Kaiapó acerta rosto de tecnocrata com um talho de facão. Lembrando a eles que não são inatingíveis.

Em 1989  mulher Kaiapó acerta rosto de tecnocrata da Eletronorte com um facão. Lembrando aos inimigos da floresta que não são inatingíveis.

Munduruku, Kayapó, Xikrin estes e muitos outros povos – tanto no Xingú como por todo mundo – estão se mobilizando contra às forças que operam pela construção da represa de Belo Monte. A imagem do machete da mulher Kaiapó no rosto do engenheiro nos recorda que o amor não implica em pacifismo, mas sim na luta pelo futuro de quem que se ama.

No interior destas corporações e empresas envolvidas na construção de Belo Monte, assim como em iniciativas similares, estão investidores, articuladores e tecnocratas – homens e mulheres a serviço do fundamentalismo energético, buscando lucro acima da vida, pessoas com endereço, nome e sobrenome.

Este é um chamado para a guerra contra Belo Monte, um chamado para o ataque de seus perpetuadores. Lutar contra Belo Monte, lutar contra o genocídio significa mostrar a estas pessoas e a estas empresas, que não se encontram além das conseqüências de suas escolhas, que a violência industrial que lançam sobre a floresta, pode justamente se voltar contra elas.

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Com lanças e flechas kaiapós entram no pátio de obras da Usina de Belo Monte e declaram guerra aos assassinos dos povos da floresta.

Para contribuir com esse chamado á guerra, colocamos aqui uns links onde se pode encontrar esses nomes, sobrenomes, endereços de pessoas e entidades responsáveis pela destruição do Xingu e Tapajos, seus diversos habitantes.

http://norteenergiasa.com.br/site/noticias-home/

http://www.belosun.com/Corporate/Board-of-Directors/default.aspx

http://www.belosun.com/Investors/Presentations/default.aspx: aqui o plano de exploração de minas de ouro na região do Xingu, plano feito em colaboração e coordinação com usina do Belo Monte.

http://blogbelomonte.com.br: blog da Belo Monte

Assista ‘Belo Monte: Anúncio de Guerra’

 

Documentário independente filmado ao longo de 3 expedições à região do rio Xingu, Altamira e arredores, São Paulo e Brasília. Apresenta imagens e fatos reveladores sobre a maior e mais polêmica obra em andamento no Brasil.

A edição e finalização foram financiados por mais de 3.429 pessoas no site Catarse. Para saber mais sobre a campanha de financiamento coletivo acesse http://catarse.me/pt/projects/459-bel…

English version: http://www.youtube.com/watch?v=ZoRhav…