Category Archives: Publicadas no FdF em 2016

Quem lucra com as hidroelétricas que levarão morte ao rio Tapajós?

A Amazônia e seus habitantes estão constantemente ameaçados pela ganância desenvolvimentista do grande capital e seu funcionário, o governo brasileiro. Mais de 375 quilômetros quadrados de floresta estão para ser inundados para a construção de 32 hidroelétricas na bacia do rio Tapajós.

Mesmo antes da construção,o desmatamento na região irá alcançar índices sem precedentes. Após a inundação, a floresta morta submersa apodrecerá liberando enormes quantidades de metano na atmosfera intensificando ainda mais o efeito-estufa.

Terras indígenas como a Sawré Muybu já foram sufocadas sob o peso do lobby industrial: sua demarcação foi embargada. A construção dessas megaobras afetarão as vidas centenas de milhares, indígenas e ribeirinhos. Os Mundurukus perderão seu rio sagrado, as terras em que habitavam seus ancestrais. Muitos serão forçados a viver em conjuntos habitacionais, ou nas periferias das cidades. Em nome do lucro de uns poucos, a vida de muitos será sufocada. Mas quem é a minoria que manobra o estado para garantir seus lucros com tamanha desgraça?

Os políticos que afirmam que as hidroelétricas são para gerar energia para o povo, mentem descaradamente na defesa dos interesses de seus patrões. Os ganhos serão para corporações, indústrias de metais pesados, construtoras, megamineradoras e latifundiários. Seus portos, estradas, minas e parques industriais ocuparão o espaço que foi um dia a floresta.

Existirá alguma força que possa impedir essa enorme tragédia ambiental anunciada? Qual é a resposta que merecem esses ecocidas?

Defendendo a floresta Otomis são atacados por policiais e construtora no México

https://www.youtube.com/watch?v=xAbb61JyVCg

(México) Oitocentos policiais da tropa de choque atacaram adultos e crianças indígenas na comunidade Otomí, em 9 de abril último, no vilarejo de San Francisco Xochicuautla.

Uma tropa de policiais agiu com violência e covardia a serviço da construtora do Grupo Riga. O aparato repressor estava presente para garantir que a construtora com seu maquinário pesado destruisse várias casas da comunidade.

Os Otomís de Xochicuautla estavam lutando para proteger a floresta de seus ancestrais, agora ameaçada pela ganância empresarial e corrupção política relacionadas a construção da rodovia privada Toluca-Naucalpan.

O grupo Riga está envolvido com o governo do México em vários casos de corrupção.

 

Estudante Kaingang é espancado em Porto Alegre

Em 19 de março, Nerlei Kaingang, estudante de veterinaria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi espancado por outros estudantes em frente à Casa dos Estudantes da universidade.

A UFRGS até agora não tomou qualquer providência, protegendo pela identidade dos agressores, acobertando os estudantes racistas.

Ataques aos kaingang no sul do Brasil demonstram como atitudes antiindígenas são presentes no cotidiano das instituições estatais de ensino.

Senado aprova construção de hidroelétrica em terra kaingang em Santa Catarina

No 16 de março, uma Comissão do Senado (Cidadania e Justiça) aprovou a construção de mais uma hidroelétrica na Terra kaingang de Toldo Chimbangue, Santa Catarina.

Através do decreto legislativo 53/2014 a CCJ do Senado autorizou a exploração hidroelétrica e consequente destruição do bioma do rio Irani.O que se viu uma vez mais foi a manipulação de discursos de respeito a diversidade ambiental e cultural, e apologia à políticas de compensação que nada compensam.

Esta aprovação mostra como palavras vazias “cidadania e justiça” são manipuladas para encobrir intenções etnocidas. Para além da máscara desbotada da democracia, o estado segue trabalhando em favor dos interesses dos que têm poder e influência. A noção de cidadania não inclui os indígenas, ao contrário, serve a manutenção e expansão dos privilégios acumulados por governantes, latifundiários e empresários.

Megaconstruções em terras indígenas evidenciam que a demarcação de terras não passa de outra falácia do “estado de direito” para pacificação das populações originárias enganadas. Para estadistas e governantes as “terras indígenas” não são de fato indígenas, mas tratadas como “vazios”, reservas de recursos a serem explorados.

Povo Nahua envenenado com mercúrio de mineração

Entre outras comunidades ribeirinhas da Amazônia Peruana, os Nahua de Santa Rosa de Serjali na região de Yucali – na Amazônia peruana – foram pesadamente envenenados no início deste ano, com mercúrio das atividades de mineração.

Adultos e crianças apresentam altos níveis de mercúrio no sangue. Uma criança morreu em março por conta do mercúrio.

Em abril o ministério da saúde declarou estado de emergência durante 90 dias.

Autoridades e a mídia comercial do país enganam a população evitando apresentar a associação óbvia entre a presença de mercúrio e a atividade de mineração na região.

Vazamento da Petro-Peru atinge povos da Amazônia

Desde 25 de janeiro deste ano um vazamento de petróleo de grandes proporções vem contaminando pesadamente regiões amazônicas.

O vazamento de um oleoduto da empresa Petro-Peru, em meio a floresta amazônica já atingiu os rios Chiriaco e Marañón.

Dezenas de povos ribeirinhos e indígenas estão sendo afetados pela contaminação. Os sintomas da contaminação por petróleo se apresentam em adultos e crianças: fortes tonturas, vômitos e mal-estar.

As autoridades e a mídia peruana têm evitado a apresentar a real proporção desta catástrofe. A empresa responsável por esse absurdo segue operando normalmente no Peru.

https://www.youtube.com/watch?v=Nsx6IYOIU80

https://www.youtube.com/watch?v=B5T90ri8YiI

Identidades nacionais ferramentas de dominação

Em sociedades desiguais como as não-indígenas, identidades nacionais são antigas ferramentas de dominação na mão das elites locais sobre a maior parte da população. Através dessas identidades, uma minoria formada por políticos, fazendeiros e empresários (que são as elites) impõe seus interesses a uma população maior e diversa. Estas elites vêm por gerações concentrando poder e recursos, da relação de dominação das massas que controlam.

“Nacionalidades” estão relacionadas a práticas de saque e destruição que enriqueceram as elites européias coloniais. Esta é a origem pouco lembrada dos termos “argentino” e “brasileiro”.

“Argentino” vem da palavra “argentum” que significa “prata” em latim. Depois que europeus descobriram ouro e prata no continente sua ganancia se tornou avassaladora. Pilharam muitos povos, assassinaram e escravizavam outros para tomar o controle das minas e rios em que esses metais se encontravam.

Utilizaram os rios para levar em navios os metais para Europa. Um dos rios mais largos que melhor serviram aos saques espanhóis foi chamado de Rio del Plata, ou Mar del Plata. Davam os nomes aos lugares conforme aquilo que podiam pilhar, é aí que se encontra a triste origem da identidade “argentina”.

Os primeiros a serem chamados “brasileiros” foram indígenas que foram convencidos a derrubar grandes árvores daquela vasta floresta atlântica que existia na região nordeste do que hoje chamamos “Brasil”. Faziam isso em troca de miçangas, machados, espelhos e outras quinquilharias que os europeus traziam em seus navios. Levavam para seus países estas árvores de madeira avermelhada, da cor-de-brasa, que chamaram “pau-brasil”. “Brasileiros” era o nome dado a esses lenhadores, madereiros aliados dos portugueses, que derrubaram florestas que só existem em imagens de livros de história. Em troca dessa aliança estes povos foram levados a extinção.

Não foram poucos os nacionalistas, defensores das identidades nacionais, que ambicionaram a substituição das identidades indígenas por identidades nacionais. Por vezes essa substituição foi camuflada com discursos de apologia a mestiçagem para convencer indígenas e negros a colaborarem com políticas de branqueamento.

Vitor Kaingang 2 anos degolado em via pública

No dia 30 de dezembro de 2015, Sonia viu seu bebê ser degolado por um branco após um falso carinho,na rodoviária de Imbituba, Santa Catarina.

Imaginar sua dor é difícil. O que fazer diante desta desta brutalidade civilizada? Vitor morreu em seus braços em meio à via pública. Mateus de Ávila Vieira é o nome do matador de Vitor. Jovem de alta classe, Mateus é produto de uma civilização doentia.

Indícios dessa doença estão no silêncio cúmplice de muitos setores da sociedade não indígena, e mesmo aqueles que deveriam informar, as mídias comerciais.

Fazendeiros, políticos e empresários tenham talvez comemorado com discrição, vendo seus discursos de ódio se transformar em prática. A faca que cortou a garganta de Vitor foi empunhada por muitas mãos.Nossa total solidariedade e apoio à família de Vitor Kaingang Pinto e a todos os indígenas que diante das punhaladas (de racistas covardes), da dor e do luto, abraçam a vida e se agarram à luta.

Leonard Peltier: um guerreiro há 40 anos na prisão

Leonard Peltier é um sábio do aguerrido povo Lakota Sioux. Peltier também faz parte do Movimento Indígena Americano (AIM). Este indígena tem sobrevivido de cabeça erguida a mais de 40 anos de prisão.  Sentenciado em 1975 pelo assassinato de dois agentes do FBI no Incidente em Oglala em Wounded Knee, seu nome está na longa lista de indígenas encarcerados pelo governo dos EUA por lutarem por seus povos contra o sistema colonial americano racista. Sua prisão está ligada também a oposição do AIM a caciques corrompidos pela colonização como Richard Wilson, traidores que enriqueceram enquanto seus parentes passam fome, com milícias montadas para perseguir quem discorda ou não se submete ao seu autoritarismo. Os inimigos de Peltier pensaram que poderiam calar sua voz isolando-o em uma jaula. Mas o confinamento só aumentou o fogo em suas palavras. Hoje ele é mundialmente conhecido como guerreiro das causas indígena e anticarcerária. Em 2000 publicou o livro “Escritos na Prisão: Minha Vida é Minha Dança do Sol” (Prison Writings: My Life Is My Sun Dance) com sua história, sua luta por terra e justiça. Para saber mais sobre a história dos Sioux Oglala leia “Enterrem meu coração na curva do rio”. Sobre a história de Leonard Peltier, assista o documentário “Incidente em Oglala”.

Não sei como salvar o mundo. Não tenho as respostas para esta questão. Não guardo nenhum saber secreto de como consertar os erros das gerações passadas e presentes. Só sei que sem compaixão e respeito por todos os seres da Terra, nenhum de nós sobreviverá – nem merecerá sobreviver.” – Leonard Peltier

Lei antiindigena e quilombola gera protestos no Rio Grande do Sul

Na terça, 14 de abril, Indígenas e Quilombolas se reuniram diante da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre para protestar contra o P.L. 31/2015 do deputado estadual Elton Weber (PSB). Grande parte da classe política do estado legisla na defesa dos interesses de grandes proprietários de terras que incitam os menores contra índios e quilombolas, aumentando ainda mais a ameaça de violência a que são submetidos estes povos.

Tal projeto de lei não encontra amparo sequer na constituição do país, é uma manobra legal de setores políticos que operam em favor do etnocídio e atende aos interesses de proprietários descendentes de europeus, cujas propriedades têm origem em terras roubadas dos povos ancestrais. A escrituração da propriedade neste continente tem ignorado o direito originário territorial desde a invensão deste procedimento.

Indígenas e quilombolas vêm convocando seus aliados a se manifestarem contra essa lei genocida em uma série de atos. Abaixo um chamado para mobilizações do dia 5 de abril.

“Não aceitaremos calados esse ataque elitista, racista e inconstitucional, reagiremos contra o racismo! É de extrema importância que lotemos as galerias do plenário para pressionar os deputados! Convocamos a unidade contra o Racismo/Colonialismo/Agronegócio, contra o Genocídio e pelos Direitos dos Povos!”

ABAIXO O PL 31/2015