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Indígenas liberam duas rodovias depois de reunião com empreendimentos que impactam as aldeias

As comunidades indígenas de Aracruz, norte do Estado, liberaram duas das três rodovias bloqueadas em protesto contra a violência policial cometida no último sábado (4) e que deixou seis índios e três cavalos feridos.

A decisão foi tomada depois de uma reunião realizada na tarde desta quinta-feira (9), na sede da Associação Tupiniquim e Guarani (AITG), em Caieiras Velha, da qual participaram o Ministério Público Federal, o prefeito de Aracruz, Jones Cavaglieri (SD), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e representantes dos empreendimentos industriais que impactam a Terra Indígena.
A reunião atendeu a duas das quatro pautas reivindicadas pelas comunidades, ambas relacionadas aos empreendimentos industriais em Santa Cruz. Como prometido, à medida que as pautas forem atendidas, os protestos cessarão.Permanece interditada a Rodovia Primo Bitti, que liga as aldeias de Caieiras Velha e Irajá, até que seja conseguido algum avanço na pauta junto à Corregedoria da Polícia Militar, para tratar da demissão dos quatro policiais que agrediram os indígenas e seus cavalos. Também é aguardada uma reunião com o secretário estadual de Educação, Haroldo Rocha, sobre a abertura da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Aldeia Caieiras Velha.

O principal encaminhamento da reunião foi a realização de uma audiência pública no dia 17 de março, na sede da AITG, reunindo as mesmas entidades, além dos órgãos licenciadores, Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e aberta aos moradores das aldeias.

O tema da audiência é a necessidade de incluir os estudos sobre as comunidades indígenas nos licenciamentos ambientais dos empreendimentos. Douglas da Silva, presidente da AITG, alega que os alguns empreendimentos iniciaram estudos, outros nem isso. E, mesmo assim, os órgãos licenciam as atividades.Os estudos sobre a temática indígena são sistematicamente negligenciados, segundo os caciques, o que gera graves problemas sociais, ambientais e econômicos. Emprego, por exemplo, não é ofertado para moradores de aldeias. “Eles sempre alegam problema de transporte, de logística”, reclama Douglas.

Até a data da audiência, serão realizadas reuniões semanais entre a Comissão de Caciques, a AITG, o MPF e a Funai.

Prefeito se retrata

Durante a reunião, o prefeito Jones Cavaglieri informou que se retratou nesta quinta-feira, na rádio local, explicando que não havia se expressado bem na terça-feira (7), quando ficou subentendido que o prefeito apoia o discurso que confere aos indígenas a responsabilidade pelos caos na cidade, em decorrência da “greve branca” dos policiais militares.

O prefeito também afirmou que vai continuar usando o seu espaço na rádio para esclarecer a população quanto a campanhas difamatórias contra os indígenas. Esta semana, por exemplo, foram vistos cartazes em vários pontos do bairro Coqueiral de Aracruz, dizendo que os indígenas causam desordem e atrapalham o desenvolvimento da cidade.

Kaiabi detêm 7 funcionários da hidroelétrica Teles Pires

Após a destruição ambiental causada por um vazamento de óleo no rio Teles Pires, em 24 de novembro os Kaiabi detiveram uma engenheira e seis funcionários da construção da hidroelétrica.

Os indígenas exigem a presença do presidente da FUNAI e ministros. Após a FUNAI se comprometer em cumprir as solicitações  dos Kaiabi, os funcionários foram liberados 24 horas depois  sem ferimentos.

Poluição devasta rio Teles Pires e causa revolta aos Kaiabi

Uma grande mancha de óleo cobriu parte do rio Teles Pires, divisa do Mato Grosso com o Pará, no início do mês de novembro prejudicou a pesca e contaminou o fornecimento de água de pelo menos 15 aldeias indígenas daquela região.

Boto rosa morto pela contaminação no rio Teles Pires foi visto pelos Kaiabi boiando em suas águas

Segundo o cacique Tawari Kaiabi, sua aldeia foi afetada diretamente pela mancha de óleo.“Não podemos mais consumir a água do rio, nem pescar para comer. Nosso modo de vida foi alterado”.

Após a contaminação os Kaiabi passam a depender do recebimento de água limpa em galões que vem de barco.

Tawari também contou que a saúde dos índios foi afetada. “Depois do vazamento as crianças e os adolescentes estão com diarreia e nossa suspeita é que tenha sido causada pela contaminação”, disse, explicando que tenta convencer os indígenas a não tomar a água.

Não se sabe se a origem da mancha vem da hidroelétrica construída no Rio Teles Pires, de algum vazamento de óleoduto, ou das balsas garimpeiras da região. Tristes e revoltados, os Kaiabi agora recebem galões de água de canoa, exigindo explicações e reparações imediatas dos responsáveis.