Xavantes paralisam Estrada após três atropelamentos

Os atropelamentos recorrentes na BR-070 reacenderam a revolta dos indígenas no cerrado contra as rodovias. Os Xavantes do Mato Grosso estão indignados com os acidentes nas estradas que cruzam suas terras. Desde outubro fecharam as estradas em protestos pelo atropelamento de dois indígenas. Recentemente, também um bororo foi  atropelado.

Exigem que o governo venha negociar diretamente com seus líderes e porta-vozes. Estão acampados nas beiras das estradas desde outubro de 2016, sem recursos e com muitos gastos em transporte e alimentação. Pedem doações a quem quiser apoiá-los em sua causa, para que continuem na luta contra mais mortes nas estradas.

Entre outras associações, a Xavante Warã é uma associação que não  representa todo o povo xavante, mas participa ativamente desta causa. A Xavante Warã aceita doações de qualquer quantia e agradece. Este recurso  irá cobrir gastos de viagens de articulação com outras associações, e também para conseguir suprimentos para que os acampados permaneçam nas estradas.

Banco do Brasil – agência 3290-5 – conta corrente 45914-3 João Lucas Owa’u – CPF:315.414198-71 – RG:1382927-0 SP

Grave situação dos indígenas Shuar da Cordilheira del Cóndor, no Equador

Indígenas clamam por banir partidos políticos e formar autogovernos em Chiapas (México)

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Milhares de indígenas que participaram da peregrinação de 11 dias por 11 municípios de Chiapas chegaram neste domingo (20/11) na praça central de Oxchuc, onde se pronunciaram a favor de que todos os povos originários afastem os partidos políticos e possam criar suas próprias formas de autogoverno.

Membros do Movimento de Defesa da Vida e do Território (MODEVITE), o Povo Crente das paróquias de Candelaria, Huixtán, Tumbalá, Cancúc, Tenejapa, Ocosingo, Altamirano, Chilón-Sitalá, Yajalóny Salto de Água e também de Oxchuc expressaram seu apoio as mais de 100 comunidades, bairros e localidades para elegerem autoridades municipais com seus usos e costumes, sem a ingerência do governo, suas eleições ou partidos políticos.

“Os partidos políticos são uma grande enfermidade que contagia as pessoas e que atrai as suas vítimas para que se contagiem. Vimos como as pessoas se transformam ao terem o poder e o dinheiro. Os partidos políticos se converteram em uma espécie de ídolo, dos que fala a Bíblia no livro do Êxodo, no capítulo 32: é um ídolo de metal que os homens fabricaram, mas que também podemos deixar de adorar”, disse um dos oradores que tomou a palavra na praça central onde se reuniram milhares de pessoas.

“Os partidos políticos, como os ídolos da Bíblia, recebem sacrifícios e oferendas. Esses sacrifícios são as vezes vidas de pessoas ou gente que por defender os outros acaba na cadeia. O bezerro de ouro não é inofensivo, é perigoso porque tem servidores que lhe entregam suas oferendas. Os partidos políticos são esses ídolos e os servidores todos aqueles que se unem a eles pelo pagamento que recebem. Tratam de convencer os demais de que devem adorar seu ídolo e como existem muitos ídolos todos querem que sigamos o seu. Nessa luta pelo p oder arrastam suas conveniências e nos dividem internamente”, disse o porta-voz dos indígenas Choles, tzotziles e tzeltales que participaram do ato.

Sublinharam ainda que no município de Oxchuc existe uma situação de idolatria que passou de geração para geração, onde somente uma família os levou a adorar seu ídolo para beneficiar somente a eles.

“Nesse sentido, não queremos continuar com essa forma de divisão que nos legaram os partidos políticos. Por isso denunciamos os anos de corrupção que levaram tanto Noberto Sántiz López como sua esposa María Gloria Sánchez Gómez. Eles são uma família enferma pelo poder, pois pela segunda vez almejaram o poder, porém agora com outro partido”, disseram os indígenas em apoio ao povo de Oxchuc.

É por isso que disseram que já chega de eleger as autoridades como impõe os partidos políticos, razão pela qual de agora em diante eles decidirão a melhor forma de escolher.

“Temos o direito como povos indígenas de nos autogovernar. Não queremos que apenas uma família siga no poder, desejamos um governo realmente comunitário. Temos o direito como povo indígena de nos autogovernar”, reiterou um porta-voz dos peregrinos.

Insistiram que os povos indígenas possuem o direito de se autogovernar por seus usos e costumes e que devem ser escutados e respeitados no processo de tomada de suas decisões.

“Os partidos políticos, o alcoolismo e outras religiões nos dividiram. Como se fosse pouco, somos divididos pelos programas de governo que nos condicionam com as migalhas que nos dão. Ademais, aqueles que se organizam são ameaçados e aqueles que nos defendem são intimidados e os agridem. Exigimos um basta às ameaças e repressões”, acrescentaram.

No evento ainda estiveram presentes membros do conselho de Cherán e Michoacán, oportunidade na qual explicaram a forma como eles criaram seu sistema de autogoverno e como baniram os partidos políticos.

Fonte: ANA

Tradução > Liberto

[México] Indígenas clamam por banir partidos políticos e formar autogovernos em Chiapas

O triunfo indígena que incomoda Facebook e Trump (EUA)

Por Tomás Eliaschev

Nos Estados Unidos, os povos originários acabam de ganhar uma batalha importante contra as corporações petroleiras. A disputa é por um oleoduto em Dakota do Norte, a “serpente negra” da profecia.

O mundo está olhando para os Estados Unidos. E não apenas porque os flashes posam sobre a figura do novo presidente Donald Trump, com suas posturas racistas e xenófobas. Um movimento de luta indígena e ambientalista acaba de conseguir frear o projeto Dakota Access Pipeline (DAPL).

Após meses de acampamento e de manifestações em defesa de seu território e contra o saque do meio ambiente, as organizações conseguiram uma vitória contra a “serpente negra” que profetizaram desde tempos imemoráveis e que agora parece se fazer realidade da mão das necessidades da indústria petroleira de gerar infraestrutura. Se trata de um oleoduto de 3,800 bilhões de dólares, de uma extensão de 1.931 quilômetros e que poderia transportar 470.000 barris por dia de petróleo desde as jazidas betuminosas de Dakota do Norte a uma infraestrutura já existente em Illinois, desde onde o petróleo poderia ser distribuído ao Golfo do México.

“Queremos agradecer a todos os que tiveram um papel advogando por esta causa, à juventude indígena que iniciou este movimento, às milhões de pessoas ao redor do globo que expressaram seu apoio, aos milhares que vieram aos acampamentos nos apoiar, às centenas de milhares que doaram tempo, talento e dinheiro para nossos esforços de rechaçar este oleoduto, em nome da proteção de nossas águas. Especialmente, agradecemos a outras nações indígenas que se juntaram a nós solidariamente. Nós estamos prontos para estarmos juntos a eles quando seu povo o necessitar”, disse Dave Archambault II, presidente da tribo sioux de Standing Rock.

Apesar de terem sido violentamente reprimidos, espiados e silenciados, conseguiram que as autoridades nacionais reconsiderassem o trajeto das tubulações, evitando passar por território sagrado indígena e debaixo do Lago Ohae, localizado junto ao rio Missouri, a fonte de água da Reserva Sioux de Standing Rock.

A decisão foi tomada pelo Corpo de Engenheiros Militares, que negou a permissão à empresa Energy Transfer Parteners. Desde abril passado, centenas de pessoas participam em diferentes acampamentos, como o da Pedra Sagrada e o do Oceti Sakowin, Conselho dos Sete Fogos. Quando souberam que haviam freado a construção do oleoduto foi ouvido o canto “mni wichoni”: a água é a vida.

Mesmo que o inverno esteja chegando no hemisfério norte com suas baixíssimas temperaturas, decidiram continuar com o acampamento, já que consideram que esta é apenas uma batalha vencida. Deverão estar bem preparados: à noite, a temperatura pode chegar a menos de 15 graus negativos.

As companhias construtoras que estão levando adiante a obra – Energy Transfer Partners (ETP) e Sunoco Logistics Partners – emitiram um comunicado queixando-se de que a decisão foi “motivada politicamente” e criticando ao saliente presidente Barack Obama por buscar atrasar o assunto até abandonar o cargo. O dono da ETP foi doador na campanha de Donald Trump, que sempre teve uma postura de desprezo aos povos originários e ao meio ambiente. Até o momento, o presidente eleito não fez declarações sobre o tema. Trump deverá confrontar com um processo de resistência inédito no último século.

Frente ao ultraje de seus sítios sagrados e às ameaças de uma grave contaminação do rio Missouri – o maior da América do Norte -, não apenas se pôs de pé a Grande Nação Sioux senão que congregaram todos os povos originários dos Estados Unidos, aos que se somaram militantes ambientalistas.

Não foi fácil: recorreram à ação direta pacífica para frear o avanço do oleoduto. Sofreram violentas repressões. A polícia local, a força de estrada e a Guarda Nacional não economizaram em brutalidade. Em numerosas oportunidades, os manifestantes foram atacados com cachorros, balas de borracha, bombas e gás pimenta. Em meio das baixíssimas temperaturas, sofreram o ataque de carros hidrantes que lançaram água gelada. Ademais, foram espiados e hostilizados por parte do pessoal de segurança privada, pertencente à empresa Tiger Swan Security, vinculada a Blackwater, a tristemente célebre empresa que provia mercenários para a invasão do Iraque.

Até há poucos dias, a notícia desta luta não figurava na agenda dos grandes meios de comunicação. A informação só circulava graças aos meios alternativos e às redes sociais. Na última e mais violenta das repressões, que aconteceu na madrugada de 20 de novembro, houve 300 feridos, 26 deles hospitalizados. Um manifestante sofreu uma parada cardíaca.

Na ocasião de um ataque policial contra manifestantes, o passado 13 de setembro, o meio alternativo Unicorn Riot estava transmitindo ao vivo desde Facebook. Primeiro, dois de seus repórteres foram detidos. Logo o streaming foi cortado. Facebook alegou um “erro involuntário”.

Um feito que logrou mais difusão que dezenas de protestos foi quando a atriz da franquia “Divergente” e do filme “A culpa é das estrelas”, Shailene Woodley, participou de um dos protestos e foi presa.

Pese à censura inicial, a notícia já circulou globalmente, gerando solidariedade de indígenas e ambientalistas de todo o mundo que se sentiram identificados imediatamente. A diferença com muitas outras lutas similares é que a do oleoduto está acontecendo no coração dos Estados Unidos, onde não se registravam ações coordenadas dos povos originários há muito tempo. O grande país do norte tem uma longa história de tratados não cumpridos e de discriminação, que foram relegando aos nativos uma situação cada vez mais difícil. Ainda está preso o ativista indígena Leonard Peltier, detido desde 1977 no marco de uma luta em defesa de uma reserva indígena, não muito longe de onde agora se desenvolvem os eventos.

Durante muitos anos os indígenas estadunidenses, derrotados, não se fizeram notar. Até que disseram basta. E agora o mundo os escutam. Está claro que vão continuar com essa luta. A dúvida é o que fará o futuro presidente.

Tradução > KaliMar

Fonte: RojoYNegro

Plataforma CACI apresenta panorama do genocídio dos indígenas no Brasil

A Plataforma de Cartografia dos Ataques Contra Indígena (CACI) é um recente levantamento de ataques contra povos indígenas no território dominado pelo Estado Brasileiro. Foi ao ar em junho de 2016 e mapeia parte da violência civilizatória contra povos tradicionais entre os anos de 1985 e 2015.

Nela já constam cerca de 750 assassinatos entre 2003 e 2015 No Mato Grosso do Sul, conhecido por seu contexto de conflitos entre latifundiários e comunidades tradicionais lutando por terra e autonomia – encontra-se em pequenas porções de terra, a segunda maior população indígena no território brasileiro.

Segundo a plataforma CACI é também no Mato Grosso do Sul que estão concentradas mais da metade dos ataques, 400 dos quase 750 assassinatos de indígenas entre 2003 e 2015. A Plataforma de Cartografia de Ataques Contra Indígenas pode ser acessada pelo link.

http://caci.rosaluxspba.org/