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Davi Limeira de Oliveira, Kaingang de 22 anos foi assassinado em Vicente Dutra.

Por Bernardo Jardim Ribeiro

Segundo informações repassadas por lideranças indígenas, o professor Davi participava de um evento festivo no município de Vicente Dutra na noite de sexta-feira, 07, de novembro. Por volta de 1h da manhã ocorreu uma pequena confusão entre alguns participantes. Davi foi envolvido e acabou sendo esfaqueado pelas costas. Teve os pulmões perfurados e veio a falecer quase que instantaneamente. (info do CIMI).

Esta claro que esse “acontecimento” não é casualidade. Segundo as informações das lideranças kaingang, a pessoa que assassinou Davi foi mandada e paga por “outra pessoa”. Como tentativa de desarticulação de uma luta pela terra e de amedrontamento, matando para ameaçar, escondendo os motivos do assassinato trás de “incidentes”, os políticos e pistoleiros, políticos pistoleiros do interior estão usando os mesmos velhos métodos colonialistas para acabar com intuitos de rebeldia. Davi era um professor bilíngue, ensinava aos kaingang a falar e escrever na sua própria língua, o que, por muito surreal que pareça, representa um perigo para os mecanismos de controle do estado.

Porém, frente a isso, os kaingang seguem firmes. O único que o governo consegue através desse tipo de pratica etnocida é a perda da sua credibilidade e “confiança” que se esforçaram em inculcar nos povos indígenas através de tantos anos de assistencialismo, paternalismo, patrocinado por uma política bienestarista, buscando tornando os indígenas, “cidadãos” cada vez mais dependentes do Estado.

Como dizem os guerreiros kaingang: “Nos, Kaingang, não temos medo de morrer, temos medo de ser esquecidos”. Difundido o assassinato de Davi, pretendemos não deixar que ele seja esquecido. Apelamos à solidariedade com o povo Kaingang com todas as formas possíveis…

Força aos guerreiros kaingang de Rio Dos Indios! Estamos juntxs!

Incidente em Kandóia: Violência e cerco policial

Em 17 de Novembro de 2014, a aldeia kaingang de Kandóia – formada por cerca de 200 pessoas, muitas delas, crianças – foi invadida por um efetivo de guerra do estado brasileiro. Um verdadeiro cerco militar e federal foi armado contra esta comunidade em uma operação que recebeu o seu nome.

Esta operação foi relatada por outros kaingang como uma ação de provocação. Este exemplo de terrorismo estatal contra populações indígenas teve também como meta abalar a luta kaingang pela retomada de suas terras na região.

A ação colonial mobilizou setenta viaturas, helicópteros e caminhões de bombeiro. As tropas formadas de 20 policiais federais, 280 homens do Batalhão de Operações Especiais (BOE), armados e acompanhados de cães e de cavalos foram assistidas por autoridades locais, entre elas o “senhor” Carlos Eduardo Raddatz Cruz, atual procurador da república do município de Erechim.

operacaoKandoiaPoliciais e peritos invadiram as casas á 6 da manha e coletaram a força amostras de sangue e saliva de vários membros da comunidade. Todos os homens e adolescentes foram fichados e fotografados sem qualquer mandato. Uma das metas da operação pareceu ser a de coletar evidências contra os supostos executores dos pistoleiros.

Em 27 de abril deste mesmo ano, dois pistoleiros que haviam seqüestrado uma criança kaingang foram mortos na ação de libertação promovida pelos indígenas. A grande mídia não reportou nada sobre este sequestro, e transformou em “produtores” seus noticiários esses dois bandidos. Com a finalidade de criminalizar os indígenas e garantir a adesão dos pequenos proprietários da região.

A máquina colonial e etnocida do estado policial brasileiro age abertamente pelo extermínio das populações indígenas em luta pela sobrevivência, na defesa dos interesses dos fazendeiros monocultores. As políticas de terror perpetradas em Kandóia demonstram o desprezo do poder pelos procedimentos legais com que são tratados populações indígenas cujos direitos originários pre-existem ao surgimento deste e de qualquer outro estado.

Não ficaremos caladxs diante desta ação criminosa a serviço do poder! Kandóia está viva e faz parte da luta kaingang por um futuro digno para suas crianças. Os kaingang de Kandóia pedem a todxs que se mobilizem, que não os deixem ser massacradxs, que não fechem os olhos diante desta enorme injustiça!

Enquanto o estado brasileiro persegue e ameaça os kaingang por defender formas de viver e se relacionar com a terra, a nossa solidariedade se faz necessária, sua luta não será esquecida!

[Costa Rica] Sergio Rojas Livre! Autonomia, terra e liberdade!

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Ao povo, ao mundo:

No último 06 de novembro do presente ano, a algumas horas da manhã um forte aparato de mais de 40 veículos policiais foi deslocado ao Território Indígena de Salitre, que tomaram como prisioneiro o Presidente da Associação de Desenvolvimento Integral (governo local) Sergio Rojas Ortiz. O aparato claramente tinha um fim mais além de prender a Sergio, entre outras coisas intimidar com um deslocamento desta magnitude à comunidade, ademais se registraram 10 invasões de casas de outros membros da ADI, o racismo da região também se fez presente, com a característica prepotência dos corpos repressivos da polícia, isto segundo narram as mesmas pessoas da comunidade.

O Conflito Indígena: os povos indígenas de Costa Rica que sobrevivem em seu território, o conseguiram através de seu próprio esforço, princípios e valores que caracterizaram a luta destes povos, o estado costarricense cometeu uma interminável lista de atropelos e despojos contra os povos indígenas. Há muitos anos Costa Rica se comprometeu juridicamente com a assinatura do convênio 169 da OIT, a reconhecer a autonomia dos povos indígenas, por outro lado, o projeto no plenário nom foi mais do que um engano e um jogo político, polo que sem sair da agenda nem ser debatido está estancado há mais de 21 anos no plenário, os declarados territórios indígenas se mantiveram no esquecimento cúmplice dos governos sucessores, o que tem como consequência que milhares de hectares dos territórios se encontrem em mãos de racistas donos de terra, polo que nos últimos anos os povos indígenas decidiram construir sua autonomia desde seus territórios empreendendo um caminho autônomo pola recuperação de suas terras e sua cultura.

A zona de conflito: Desde alguns vários anos os indígenas bribris do território de Salitre, tem empreendido uma forte luta pela recuperação de seu território, assim como de sua cultura, estas recuperações tem sido assediadas polas grandes mentiras da imprensa, principalmente o “Grupo Extra”, ademais, donos de terras da região, aproveitando o racismo existente conformaram grupos de anti-cholos (termo pejorativo com o que os racistas chamam aos indígenas) que inclusive queimaram as casas das famílias, como ameaça por seus processos de recuperação de território, as ameaças e a violência que temos visto na zona som alarmantes, por outro lado a polícia fazia mínimos esforços para “controlar” os bloqueios que os donos de terra mantinham por vários dias em frente das entradas das comunidades indígenas, como ameaça para que deixassem de pedir e recuperar o que inclusive pola lei os pertence, pois a lei indica que a autoridade nos territórios indígenas será seu governo local (ADI) é por isso que vemos claras intenções de violentar os processos pola autonomia de Salitre nas ações dos donos de terras e afins, as mentiras da imprensa, e agora também evidenciamos a cumplicidade e o ataque por parte do governo ao ameaçar e intimidar com sua implantações policial à comunidade de Salitre e vemos nos ataques contra os membros da ADI-Salitre uma perseguição política contra aqueles que lutam por seus direitos, como este valente povo.

A prisão de Sergio Rojas Ortiz, é para nós outra estratégia das elites políticas e econômicas para deter os processos de autonomia do povo de Salitre, a este que se acusa caluniosamente de mal uso de fundos, apesar deste feito nom ter sido provado, em que pese a isto que a Sergio impuseram medidas cautelares entre elas a prisão preventiva, a qual está condicionada ao pagamento de uma milionária soma de 30 milhões de colones de fiança, ademais foi destituído de seu cargo como presidente da ADI – Salitre, para muitos que vimos o conflito e as situações que atravessam nossos irmãos indígenas em seus territórios nos parece indignante.

É por isso que hoje nos pronunciamos a favor da autonomia indígena, e exigimos o respeito a suas formas de organização, denunciamos a campanha midiática realizada polo “Grupo Extra” contra os companheiros indígenas de dito território, EXIGIMOS ao governo sucessor de Luis Guillermo Solís, A LIBERTAÇÃO TOTAL do companheiro Sergio Rojas, pois o único que podemos ver dessa detenção é uma perseguição política clara, e outra mensagem mais do governo de sua intenção de reprimir toda oposição e camuflar com suas artimanhas disfarçadas mentiras em prejuízo das comunidades, assim como uma posição forte contra aqueles que lutam por seus direitos.

EXIGIMOS AUTONOMIA INDÍGENA!
EXIGIMOS A LIBERDADE DE SERGIO ROJAS!

Colectivos Informales Anarquistas
Semillas Ácratas
Difusión Libertaria Anti-Especista
Frente de Resistencia Animal y de la Tierra

Confronto entre indígenas e aparato repressores em Iraí (RS) acaba com Kaingangs baleados e policiais detidos

Retirado de Cumplicidade:

Ficamos sabendo pela imprensa corporativa que esse sábado em Iraí (RS), dois jovens indígenas kaingang foram baleado por policiais em um confronto em uma barreira de transito da BM na avenida Flores da Cunha. Os gambés quiseram levar o carro dos kaingang por ter impostos atrasados e eles ao se negarem a se submeter ao controle policial, entraram em confrontos, nos quais dois indígenas ficaram baleados e encaminhados pelo hospital da caridade em Erechim. Segundo a mídia corporativa, eles estariam fora de perigo.

Em resposta à violência policial, uma parte da comunidade de Iraí se rebelou e vários foram até o posto policial onde sequestraram a dois gambés e uma viatura da BM. Os gambés foram liberados pelos kaingang após umas horas na comunidade, ainda a viatura e o seu conteúdo esta na comunidade.

Um inquérito da policia civil será instaurado segunda-feira com um prazo de 40 dias para as investigações e as pessoas envolvidas teriam que responder por sequestro, cárcere privado e roubo.

Desde aqui, mandamos muita força para a comunidade de Iraí que terá que se enfrentar aos mecanismos mais sinistros de controle e perseguição usados pelo Estado para abafar os gritos de revolta contra a autoridade.

Força e Saúde axs kaingang em luta!

Assista o documentário “Escolarizando o Mundo”

O filme examina o pressuposto escondido da superioridade cultural por trás dos projetos de ajuda educacionais, que, no discurso, procuram ajudar crianças a “escapar” para uma vida “melhor”.
Aponta a falha da educação institucional em cumprir a promessa de retirar as pessoas da pobreza — tanto nos Estados Unidos quanto no chamado mundo “em desenvolvimento”.
E questiona nossas definições de riqueza e pobreza — e de conhecimento e ignorância — quando desmascara o papel das escolas na destruição do conhecimento tradicional sustentável agroecológico, no rompimento das famílias e comunidades, e na desvalorização das tradições espirituais ancestrais.

Finalmente, ESCOLARIZANDO O MUNDO faz um chamado por um “diálogo profundo” entre as culturas, sugerindo que nós temos, ao menos, tanto a aprender quanto a ensinar, e que essas sociedades sustentáveis ancestrais podem ser portadoras do conhecimento que é vital para nossa própria sobrevivência no próximo milênio.

Em memória do Guerreiro Augusto Opë Kaingang

Disse Augusto Ope da Silva que compreendeu importância da luta ancestral pela terra em 1983. Augusto foi um importante líder kaingang dos nossos tempos. Num tempo em que muitas lideranças cooptadas pelo aparato colonial prejudicam seu povo, Augusto, pelo contrário é lembrado por seus Yambré e Kangré por sua sabedoria tranquila e suas palavras fortes.

Lembrava-nos Augusto que antes da invasão europeia os territórios de seu povo se estendia do sul do atual estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Dizia-nos que a terra era fértil, havia caça e pesca em abundância, e que o meio em que viviam lhes dava tudo necessário para uma boa vida. Após cinco séculos de invasão dos fög os territórios kaingang foram reduzidos a retalhos, refúgios e fundões. O processo de colonização que exterminou 98% das populações indígenas, no entanto, não conseguiu acabar com os kaingang – cortou-se os galhos, ficaram as raízes – que voltaram a crescer em número e se organizarem entre si.

 

Em 1985 Augusto se envolveu na luta pela retomada da terra kaingang de Iraí, que então estava na mão de colonos ali assentados por décadas, pelas políticas antiindígenas do estado brasileiro. Após iludir as populações indígenas com promessas e truques legais como a lei de terras que criou marcos e divisas das terras indígenas para o confinamento, o estado brasileiro decidiu assentar colonos nas terras kaingang em uma espécie de reforma agrária dentro destas terras, fazendo com que em 1962, muitas populações acabassem em desgraça.

Após um período de articulação, cansados das armadilhas estatais, os Kaingang  “sobreviventes do massacre feito no passado” partiram para a ação direta, expulsaram os colonos das terras usurpada de seus ancestrais, refutando a política etnocida que transformava seus territórios em pequenos aldeamentos.

Augusto foi um guerreiro dessa conjuntura, deste período de retomada pelas terras, quando a malha de mentiras do estado dos brancos já não escondia mais as injustiças que criava. Augusto lutou com sabedoria, relembrando a história de seu povo e repassando seu conhecimento para os mais jovens. Como raramente acontece Augusto foi reconhecido em vida: jovens kaingangs lhe prestaram homenagem dando seu nome à uma escola indígena no município de Santa Maria.

Augusto Ope não traiu seu povo, não foi líder pacificador e conciliador a serviço dos interesses dos fög, foi o avesso disso.Não teve medo de dizer o que precisava ser dito, nem teve receio de chamar seus parentes para a guerra pelo futuro das gerações, mesmo que isso levasse a morte. Antes a morte que a falta de dignidade. Disse uma vez diante das tropas de choque mobilizadas contra seu povo na cidade de Porto Alegre,  “Os Kaingang não tem medo de morrer, os Kaingang têm medo de ser esquecidos.”

Sempre apoiou o conhecimento e as práticas dos xamãs kaingang, nunca esquecendo a importância dos kujã na criação de um povo forte contra as doenças impostas pela sociedade industrial dos fög. Participou dos Encontros dos Kujã e nunca hierarquizou o conhecimento kaingang colocando-o abaixo dos saberes biomédicos, reconhecendo sua importância milenar.

Não se deixou abater quando o câncer, a doença dos fög tomou seu corpo. Seguiu lutando enquanto teve forças. Denunciou os remédios dos brancos que adoecem, a comida dos brancos que ao invés de nutrir, enfraquecem e podem matar.

Como ninguém é pedra para durar para sempre Augusto Ope se foi aos 58 anos. Faleceu no dia 31 de maio de 2014 em decorrência do câncer. Ainda assim sua memória segue viva e atuante entre os kaingang que a relembram em seus encontros. Suas palavras serão lembradas pelas gerações que virão.

Solidariedade aos Kaingangs presos acusados da morte de dois agricultores

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Retirado de Cumplicidade:

O mundo deles (os brancos) é quadrado, eles moram em casas que parecem caixas, trabalham dentro de outras caixas, e para irem de uma caixa à outra, entram em caixas que andam. Eles veem tudo separado, porque são o Povo das Caixas….”
(frase de um pajé do povo Kaingang)

Se você já assistiu alguns filmes de velho oeste não vai se surpreender com os recentes acontecimentos no interior do estado do Rio Grande do Sul. A luta pela terra alcançou um cenário de guerra na qual o governo assumiu claramente a sua posição de inimigo dos indígenas. Não que a sua posição não fosse essa mesma anteriormente, mas pelo menos a escondia atrás de discursos hipócritas como o do “multiculturalismo” que foi fomentado por uma série de leis e decretos “pró índio” que nunca foram respeitados, como é o caso da constituição federal de 1988.

Na noite de 27 de abril, alguns Kaingang que moram na terra indígena Passo Grande do Rio Forquilha localizado em Sananduva (RS) ocuparam o salão paroquial da capela de Bom Conselho e parte de uma área, onde residem alguns agricultores. Anunciaram que não sairão mais de sua terra ancestral. Ao mesmo tempo, indígenas Kaingang residentes na terra indígena Kandóia, localizada no município de Faxinalzinho, bloquearam estradas que cortam suas terras com o intuito de exigir a demarcação das suas terras. O conflito em Sananduva e em muitas partes do RS ocupadas pelos colonos tem uma larga historia. Mais recentemente, no dia 30 de agosto, em Porto Alegre, os kaingang mostraram o seu desconforto com as políticas publicas e a hipocrisia do governo, se rebelaram com pedras, lanças e flechas em frente ao palácio Piratini, onde um policial foi mandado para hospital assim como uma dezena de crianças indígenas e 4 dos seus mais velhos. Alguns dias depois, numa reunião que teve lugar no ministério publico federal, os kaingang prometeram aos governantes a intranquilidade dos seus sonhos. “Vocês nos fizeram sonhar, agora os nossos sonhos vão virar os seus piores pesadelos”, um grito lançado do sangue no olho de um de eles. E ainda no ano passado em fins de Novembro, alguns kaingang entraram nas terras do ex-prefeito de Vicente Dutra com a vontade de retomar suas terras, onde um carro policial foi atingido por pedradas e a casa do guardião do balneário foi queimada, mandando ele pelo hospital. (ver http://cumplicidade.noblogs.org/?p=712).

Segundo o relato do CIMI(http://cimi.org.br/site/pt-br/index.php?system=news&action=read&id=7509 e http://cimi.org.br/site/pt-br/index.php?system=news&action=read&id=7518), durante o protesto dos Kaingang em Faxinalzinho aconteceu um conflito envolvendo os indígenas que bloqueavam uma das estradas e um grupo de agricultores, que pretendiam afastar à força os indígenas e liberar a via. Numa tentativa de romper com o bloqueio, segundo relato de alguns Kaingang, um menino foi levado como refém por dois homens que estavam num caminhão carregado de ração. Na perseguição, para resgatar o menino, houve um confronto e os dois ocupantes do caminhão acabaram mortos.

Na sexta passada, dia 9 de maio, sete Kaingang foram presos pela Polícia Federal, numa emboscada, enquanto participavam de “reunião” promovida por representantes do Governo do Rio Grande do Sul e pela Fundação Nacional do Índio (Funai) no município de Faxinalzinho. Por agora, soubemos o nome de somente cinco, entre eles se encontram Deoclides de Paula, Daniel Rodrigues Forte, Nelson Reko de Oliveira, Celinho de Oliveira e Delmiro de Paula. Foram levados de noite a Porto Alegre e ficaram recolhidos na carceragem da superintendência da Polícia Federal até por volta das 11 horas deste sábado(10/05). A Polícia Federal transferiu os sete indígenas, no final da manhã deste sábado, para o presídio de Jacuí, em Charqueadas no interior do RS após os mesmos terem recebido visita de advogado da Frente Nacional Quilombola e de missionário do Cimi.

Enquanto isso, os milicos invadiram a cidade de Vicentre Dutra (onde ocorreu o conflito em novembro passado).

A respeito das mortes dos fazendeiros, não vamos chorá-las, foram anunciadas faz muito tempo, e está claro que as estratégias do Estado para conter a paz social já não servem, há meses alguns kaingang prometeram ao governo que iam se encarregar eles mesmos de demarcar as suas terras já que não podiam contar com o governo para isso… Por um lado, nos enche o coração de força vivenciar esses momentos, sentir como, com tantos anos e estratégias retorcidas de colonização constante, algumas pessoas ainda encontram maneiras de enfrentar e desafiar a posição de dominado na qual foram colocados tanto pelos que pretendem apaziguá-los como pelos que pretendem “ajudá-los” . Por outro lado, as estratégias coloniais do Estado de tomar presos os kaingang tendo-lhes armado uma emboscada somente reforça a nossa convicção que a única maneira de viver livre se encontra fora do alcance do Estado. Pois, além de uma guerra econômica, os indígenas estão enfrentando também uma guerra ideológica, na qual o governo tem avançado em vários pontos com estratégias e pantalhas de “integração” do índio na “sociedade nacional”, conceitos que se reduzem a velhos processos de assimilação do outro com a finalidade de acabar com a diferença. É assim que, devolver as terras para os indígenas significaria também permitir que recuperem maneiras autônomas de viver e se relacionar, sem a necessidade do Estado. O que o Estado quer, com os indígenas, com os negros, com os pobres e com todos nós é que fiquemos a sua mercê, dependendo das migalhas que nos oferece e que assim esqueçamos que nós mesmos somos capazes de construir nossas vidas com nossas próprias mãos. As ofensivas de alguns kaingang nos últimos meses são atos de rebeldia frente a essas formas de colonização e a prisão é uma consequência, já que a sua função é manter a “ordem social” trancando qualquer ímpeto de liberdade.

A guerra contra o Estado e o agronegócio está declarada e não é de hoje, saudamos os ímpetos de liberdade dos kaingang em luta e solidarizamos com os kaingang presos e os que assumem uma posição guerreira. Que o terror invada as cidades, as fazendas, e que os sonhos de todos os destruidores da terra sejam perturbados, invadidos pela força raivosa de quem não abaixa a cabeça e se mantém firme em guerra!

Tocam a um, tocam a todos!

Documentário “Bicicletas de Nhanderú” é disponibilizado na Internet

Uma imersão na espiritualidade presente no cotidiano dos Mbya-Guarani da aldeia Koenju, em São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul.

CRÉDITOS
Direção e fotografia: PATRICIA FERREIRA (KERETXU), ARIEL DUARTE ORTEGA
Fotografia: JORGE RAMOS MORINICO
Edição: TIAGO CAMPOS TORRES
Produção: VÍDEO NAS ALDEIAS
FICHA TÉCNICA
Duração: 48
Ano: 2011
Região: Rio Grande do Sul
Línguas: Guarani
Cor: colorido
Som: estéreo
Formato de tela: 4/3
Legendas: Espanhol, Francês, Inglês, Português

PRÊMIOS
Prêmio Cora Coralina — XIII FICA, Festival Internacional de Cinema Ambiental, Goiás, Brasil, 2011.