516 anos de golpes contra os indígenas

Nós indígenas estamos acostumados a lutar. São 516 anos que nos golpeiam continuamente. Desde que invadiram nossas terras, fomos apunhalados, enganados, roubados e massacrados.

Os descendentes das invasores estão aqui hoje! Geração após geração dominam através de golpes!

Golpearam nossas tradições com sua religião. Nos impuseram seus cultos à culpa, ao sofrimento, e ao progresso – tudo a serviço de seus próprios interesses. E seguiram nos golpeando, roubando nossas terras, às custas da vida e da saúde dos nossos filhos e netos, às custas da vida da própria Terra!

Eles ignoram que somos nós quem sabe o que é melhor para nós. Enxergar leva a angústia.

Mas não há como desistir, não podemos esquecer dos velhos que lutaram contra a guerra de extermínio dos europeus para estarmos aqui orgulhosos de quem somos, povos livres e não escravos desses monstros, que são as corporações e os estados. Sabemos que os valores dos nossos ancestrais estão vivos em nós, lembrando deles fortalecemos nossa Cultura da Resistência.

A maioria agora precisa lutar! Nós também estamos na luta!  Lutamos pelo que acreditamos, nos pintamos e partimos para a luta!

Baseado no texto de Potyra Tê Tupinambá

Aldeia Ka’apor é invadida por madeireiros e pistoleiros

A Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão sofre com as investidas violentas de madeireiros.

Desde 2013, os Ka’apor fazem vigilância de suas terras para evitar a destruição das matas. Trilhas com maior movimento de madeireiros e caçadores estão permanentemente ocupadas com novas aldeias.

Há algumas semanas, o grupo de vigilância Ka’apor encontrou quatro invasores armados no interior da TI. Os homens foram imobilizados e expulsos. Há cinco dias, outro grupo de invasores teve quatro motos confiscadas dentro do território e posteriormente devolvidas.

Agora, os Ka’apor temem a reação de madeireiros. Relatos dão conta de que invasores armados espreitam nas estradas de acesso às aldeias. O temor é que haja uma invasão do território a qualquer momento com episódios de violência contra os Ka´apor.

Em abril de 2015, Eusébio Ka’apor foi assassinado enquanto voltava de uma visita a cidade vizinha. Desde então, a região tornou-se palco de um grave conflito. Em dezembro do ano passado um ataque a uma das aldeias dos Ka’apor deixou dois índios baleados.

Martírio, documentário premiado exibe genocídio dos Kaiowá

Nem bem estreou e Martírio já um documentário aclamado pela crítica e pelo público. Sete vezes premiado em diferentes categorias e festivais, este documentário denúncia a tragédia vivida por um grupo kaiowá, em acampamentos precários, cansados da violência civilizada, temerosos diante da possibilidade de terem suas terras confiscadas pelo estado para beneficiar ricos fazendeiros.

Martírio é um registro importante do embate de forças desproporcionais no Mato Grosso do Sul, o choque entre a retomada dos territórios sagrados pelos Guarani Kaiowá e as políticas de genocídios, extermínio e massacres financiados por fazendeiros e empresários do agrenogócio com o aval do estado.

MARTÍRIO 162 minutos, cor, 2016, Brasil Direção: Vincent Carelli. Co-direção: Ernesto de Carvalho e Tita. Elenco/Entrevistados: Celso Aoki, Myriam Medina Aoki, Oriel Benites, Tonico Benites e comunidades Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul.

Assista o documentário “A Gente Luta”

PORTUGUÊS:

Ative as LEGENDAS! Clique no botão do canto direito (a seta pra cima), dois novos botões irão aparecer, passe o mouse sobre a seta pra direita ao lado do botão de baixo (“cc”), e escolha “Português.” Uma vez feita a escolha uma vez, as legendas irão aparecer automaticamente nos outros vídeos.

Parte da série “Curtas Vídeo nas Aldeias: Olhares Indígenas”

“A gente luta mas come fruta: Trailer”

Versão de 4 minutos do filme “A gente luta mas come fruta”, de Isaac e Bebito Pianko. Relata os esforços do povo Ashaninka por preservar a floresta e manter seu modo de vida, no estado do Acre. O filme original é restultado de oficinas de formação em audio-visual para povos indígenas, dentro do projeto Vídeo nas Aldeias. Esta versão é um “Interprograma”, produzido com o apoio do programa Ponto Brasil, a ser veiculado na TV Brasil, num especial dedicado ao Vídeo nas Aldeias. Para mais informações, para adquirir o filme, ou para ver outros filmes acesse: http://www.videonasaldeias.org.br ou visite nosso canal no Youtube.

Sobre a Série

Série de 6 vídeos curtinhos que oferece um panorama da produção dos realizadores indígenas de várias partes do Brasil, e resume o momento atual do projeto Vídeo nas Aldeias. Os vídeos também exemplificam o amplo leque das temáticas abordadas pelos realizadores indígenas: de histórias tradicionais contadas pelos mais velhos, a práticas cotidianas das aldeias, passando pela relação com os recursos naturais, estratégias de sustentabilidade, e relação com o mundo de fora, até intercâmbios culturais. Dos vídeos, “A gente luta mas come fruta: trailer” (Ashaninka) e “Nós e a cidade” (Mbya-Guarani), são releituras resumidas de filmes anteriores, “Bimi: Mestra de Kenes” (Hunikui), e “Troca de Olhares” (Hunikui/Ashaninka) são prévias de trabalhos a serem lançados futuramente, com enfoques diferentes, já “A História do Monstro Kátpy” (Kisêdjê), e “Kidene: Academia Kuikuro”, são obras originais no seu formato final. Todos os vídeos foram editados num encontro de realizadores indígenas ocorrido em Agosto de 2009 na sede do Vídeo nas Aldeias, em Olinda, com o apoio do Programa Ponto Brasil, da TV Brasil, que veiculará os curtas num especial Vídeo nas Aldeias.

Fracking, nova ameaça para o povo indígena Barí

Durante este mês de agosto comemoraram-se o dia da Pachamama e o dia internacional dos povos indígenas, comemorações que além de uma data no calendário, distanciam-se muito de ser reconhecimentos reais ao uso da terra e à realidade indígena colombiana. Este é o caso do povo indígena Barí, um dos 90 povos indígenas da Colômbia que conseguiram manter intacta sua cultura, tradição e língua apesar das agressões que tiveram que sofrer desde a chegada dos espanhóis até a atualidade.

Historicamente habitaram o vale do rio Catatumbo, localizado no departamento do Norte de Santander e a fronteira com a Venezuela, território que se caracteriza ademais por possuir boa parte das reservas petrolíferas da Colômbia, assim como carvão e abundante recurso hídrico. Atualmente, o povo Barí está composto por 23 comunidades e 417 famílias assentadas em cinco municípios: o Carmen, Convención, Teorama, o Tarra e Tibú, região conhecida como o Catatumbo Colombiano.

Apesar de ser um povo pacífico que por cosmovisão se relaciona harmonicamente com a natureza, teve que recorrer ao confronto para defender seu território, inicialmente, na época da conquista e colônia enfrentaram-se com o homem branco que vinha da Europa, mais adiante, em princípios do século XX às companhias multinacionais petroleiras que violentaram a cultura e sítios sagrados do povo Barí. Afirmam os Barí que uma de suas cabanas foi queimada e pouco tempo depois chegou uma empresa para extrair petróleo neste lugar.

Na década de 2000 a comunidade indígena Barí resistiu a maior arremetida paramilitar na história da Colômbia, asseguram que seu território e inclusive suas próprias casas foram usadas como bases paramilitares por mais de seis anos.

Hoje prepara-se para enfrentar uma nova ameaça, o fracking ou fraturação hidráulica, técnica de exploração de óleo não convencional proibida em países como França, Canadá e o estado de New York nos Estados Unidos pelos desastres ambientais e múltiplas enfermidades que produzem à população, mas, paradoxalmente para o governo Colombiano e Ecopetrol, o fracking é a técnica que se deve usar. Desta maneira asseguram que se opõem a esta questionável técnica e que desde já se preparam para enfrentar esta nova ameaça.

Vídeo:https://www.youtube.com/watch?v=MohOtXoqDO4

Fonte: ANA

Tradução > Sol de Abril

Nada veio fácil para nós! São 516 anos que sofremos golpes atrás de golpes

Por Potyra Tê Tupinambá

Nós povos indígenas estamos acostumados a lutar. Nada veio fácil para nós! São 516 anos que sofremos golpes atrás de golpes. Desde a invasão desse país começamos a ser apunhalados pelos usurpadores, os que querem massacrar e tomar a força o que não os pertence. Os netos, bisnetos e tataranetos dos que comandavam as invasões e golpes daqueles tempos estão aqui hoje, continuam a comandar os golpes! Começaram nos golpeando com o pretexto da fé e hoje os golpes são em favor do desenvolvimento.

Vendo a conjuntura brasileira me dá uma certa angústia, mas depois lembro dos meus antepassados que lutaram bravamente para que hoje eu pudesse bater no peito e dizer com orgulho que sou Tupinambá e me encho de forças para seguir lutando como eles fizeram. Precisamos fortalecer a nossa Cultura da Resistência, manter vivo em nós os valores dos nossos antepassados.

Acho que os brasileiros estão sentindo um pouco do que nós sentimos há séculos… invisíveis aos poderosos que só pensam em suas artimanhas para continuar no poder. O clamor do povo não foi ouvido assim como o nosso clamor não é.

Mas nós Povos Indígenas sempre lutamos pelo que acreditamos: nos pintamos, colocamos nossos mais belos adereços e partimos para a luta! Fechamos pistas, ocupamos espaços públicos, gritamos até sermos atendidos. O povo brasileiro precisa agora lutar! Nós lutaremos também!

Fonte: Índios Online

Investida Mapuche contra o colonialismo cristão no Chile

A resistência radical mapuche segue firme pela defesa de terras sagradas, da cultura e saberes ancestrais em território governado pelo Estado chileno.

Desta vez não foi apenas contra o governo do Chile que os indígenas se levantaram em digna raiva: Investiram contra símbolos de um colonialismo europeu que dura até os dias de hoje e que quase acabou com todas as culturas nativas destas terras do sul da América.

Foi em abril deste ano que simpatizantes da causa mapuche atacaram e queimaram uma igreja católica e uma evangélica, uma ação incendiária contra figuras catequizadoras. Testemunhas disseram que foi um ataque rápido onde chegaram armados disparando e logo colocaram fogo nos edifícios, fugindo em seguida.

Dois cartazes foram deixados no local. Em clara referência aos ataques cristãos contra os indígenas, num deles se lê: “nossos avós e ancestrais dos índios também morreram queimados  e assassinados ‘pela cruz e a espada’ Liberdade. P.P.M.”

O outro advertia “todas as igrejas serão queimadas” e exigia a libertação de indígenas presos por lutarem pela causa mapuche.

Conselho Mbyá Guarani barra madereiras em terras indígenas na argentina

No dia 27 de julho , os Mbyá-guarani reuniram-se para mais um encontro Aty Nhexyrõ – conversa em roda. O encontro ocorreu na aldeia Ka’ákupe, em Misiones, Argentina. Foi marcado pela primeira vez que o Estado argentino realizava uma consulta prévia aos povos originários a respeito do interesse de empresários em explorar áreas indígenas.

Como um verdadeiro fantoche de interesses privados, o Estado argentino apareceu ao lado dos empresários, advogados e engenheiros das empresas. Dizia mediar a reunião, mas depois os próprios empresários revelaram que já possuíam uma autorização do Ministério de Ecologia y Recursos Naturales para cortarem as árvores que queriam.

A primeira empresa, Coschirt, apresentou seu projeto de explorar 641 hectares localizados a 100 metros das casas mbyá na aldeia de “Arroyo 9”, defendendo que só iriam cortar as maiores árvores por “não servirem para mais nada”. A resposta das lideranças foi veemente: “Não”. Os motivos eram muitos: como medir a serventia de uma árvore se até ela cair sua casca serve de medicina, e suas frutas, cada vez mais maduras, servem de alimento às crianças? Os empresários antes otimistas com suas explicações técnicas amparadas na legislação ambiental argentina não acreditavam no que ouviam. Vherá, filho de Tupã, bradou que se os empresários viessem com suas máquinas destruindo a floresta, Tupã viria logo atrás com seus raios e trovões, passando por cima não mais dos mbyá, mas dos brancos que ali estivessem. Com força gritou que a luta cosmológica mbyá é para manter os céus em pé para todos, não só para eles. Por isso tudo, mas não por tudo isso a resposta a empresa era: “Não, que voltassem para suas casas”.

Depois de uma saraivada de críticas aos interesses dos primeiros engenheiros. A segunda empresa, Carbac SA, apresentou um discurso muito mais moderado. O caso era que eles possuíam uma autorização de um antigo cacique para explorarem uma área de 2932 hec. a menos de 50 metros das casas mbyá na aldeia de Kaá Poty. O detalhe era que o antigo cacique era analfabeto, cego e extremamente doente quando assinou tal autorização – veio a falecer poucos meses depois. Mais uma vez os Mbyá mostraram sua força e mandaram parar todas as máquinas da empresa, revogando a autorização do antigo cacique.

A reunião terminou com os Mbyá dançando tangará ao som do violão e violino, e cantando: yvy pave mba’é, yy pave mba’é, kaygua pave mba’é – “A terra é pra todos, a água é pra todos, as matas são pra todos”

Mobilização nacional indígena movimenta 16 estados

Mobilização nacional de 81 etnias ocupa prédios e rodovias em dezenas de estados do país. Defesa de direitos, da Funai e contra o assassinato de indígenas foram alguns dos temas que marcaram os protestos.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia Ninja

“Essa CPI quer tomar nossas terras e nossos territórios, não somente criminalizar a Funai, e isso tem aumentado muito a violência contra nós, povos indígenas, e nós não podemos deixar que essa CPI seja maior que nossa força e nossos direitos. Vamos lutar contra essa CPI, direitos não se negociam, direitos devem ser respeitados“, disse Sonia Guajajara, líder indígena, em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados, após cerca de 25 prédios da Funai serem ocupados simultaneamente em todo o Brasil.

Apenas no último mês, foram registrados dois ataques de grupos armados contra a tribo Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. No último dia 14 de junho, quatro pessoas ficaram gravemente feridas e uma faleceu vítima de fazendeiros. Antes de ontem (11) outros três foram baleados e também morreram.

A revolta dos povos tradicionais se dá em um grave momento de ataque à sua população, ao principal órgão indigenista do país, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e ao instituto responsável por demarcações de terras, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A CPI da Funai é um mecanismo para suprimir terras indígenas e dar ainda mais terra para fazendeiros.

“Estabeleceram-se processos administrativos de titulação de terras para quilombos subjetivos e até fraudulentos, onde a simples opinião de um antropólogo se sobrepõe a tudo e a todos e a registros públicos seculares, onde os direitos constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa dos atingidos, inclusive dos entes federados, não são respeitados. O resultado é o que se conhece: reservas imensas, sem qualquer justificativa, atritos entre os próprios grupos indígenas e expulsão de agricultores de suas propriedades“, diz um trecho do documento de abertura da CPI da Funai/Incra.

No contexto de repetidos assassinatos de indígenas em todo o paí, dizer que agricultores são expulsos de suas propriedades e reservas não possuem justificativa de existir é, no mínimo, uma posição extremamente voltada ao agronegócio e à exploração da terra em detrimento da fauna, flora e dos povos tradicionais. Dessa forma, fica evidente ao que se propõe essa Comissão.

#OcupaFunai

Confira em quais cidades os prédios da fundação indigenista foram ocupados:

Brasília/DF – Lábrea/AM – Manaus/AM – Tucumã/PA – Canarana/MT – Juína/MT – Campo Grande/MS – Guaíra /PR – Itanhaém/SP – Rio de Janeiro/RJ – Governador Valadares/MG – Passo Fundo/RS – Imperatriz/MA – Florianópolis/SC – Rio Branco/AC – Goiânia/GO – Fortaleza/CE – Oiapóque/APPauini/AM – Curitiba/PR – Marabá/PA – Aripuanã/MT – Santarém/PA – São José/SC

Fonte: Mídia NINJA