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Uma ano em Standing Rock

Jasilyn Charger foi uma das primeiras pessoas a acampar na Terra Indígena Sioux de Standing Rock em abril de 2016. Junto com outros jovens das tribos vizinhas, aos 19 anos ajudou ampliar o conhecimento sobre os riscos decorrentes da construção do Óleoduto da DAP com 2000 milhas da Dakota do Norte até Washington. No momento em que o grupo retornou a Staning Rock, a população do acampamento tinha chegado aos milhares.

Um ano depois, ela reflete sobre as manifestações e como o movimento mudou o curso de sua vida.

Fonte: revealnews.org

Palavras de Chase Iron Eyes Informações atualizadas de 24 de fevereiro sobre Standing Rock

https://www.youtube.com/watch?v=Ps8h7PtG6xU

(Leia abaixo a transcrição parcial da fala de de Chase Iron Eyes)
“Olá meus parentes. Aqui é Chase Iron Eyes. Estou atualmente na Dakota do Norte. Vim para um lugar que tem Wireless para que eu possa fazer uma transmissão ao vivo (live feed), só dar uma atualizada no que aconteceu desde 22 de fevereiro que foi a data que o governo e o aparato repressor da Dakota do Norte decretou para expulsão (despejo) do acampamento de Oceti Sakowin, o campo ao norte do rio Cannon Ball, que está num território reinvindicado com base em um tratado, com apoio de leis internacionais, com base no tratado de 1868 e 1851 como muitos de vocês sabem. O acampamento foi limpo, as últimas detenções foram feitas. Em torno de 40 pessoas foram presas nas últimas 48 horas, ontem, 23 de fevereiro.

Nós estamos por aqui hoje, está muito frio, mas os pontos de checagem (check points) seguem de pé. Ao sul do acampamento, o BIA (Bureau de Assuntos Indígenas) montou pontos de checagem para limitar o acesso, para impedir mais pessoas de chegarem nos locais dos acampamentos.

Sempre que falo, me refiro a geografia:

http://wikimapia.org/#lang=pt&lat=46.390280&lon=-100.609188&z=13&m=b&search=Cannon%20Ball

O acampamento Oceti fica a norte do rio Cannon Ball, existem três acampamentos que ficam ao sul desse rio, eles são o acampamento Sacred Stones que foi o primeiro a ser montado em 2 de fevereiro de 2016. Havia o acampamento Rose Bud, e havia o acampamento Black Hood.

O acampamento Rose Bud foi destruído em uma operação do BIA e sua força policial, que é uma polícia federal indígena que tenta empurrar para algumas reservas as leis federais.

Existe um grande equívoco, você olha pra eles e eles são indígenas, e veja, elas são policiais, são wichita,  Ao invés de defender as leis federais, deveriam proteger as ordem que é proteger a Mãe Terra, de proteger a sacralidade de nossas reservas de água. Mas não funciona assim: A BIA fa parte do Departamento de Interior, e costumava fazer parte do Departamento de Guerra. A BIA colaborou com agentes do Departamento de Alcool e Drogas, e com o FBI. Eu não vejo ninguém com identificação do FBI durante a invasão, mas eles estão por todas as partes na reserva porque eles mantêm jurisdição sobre crimes maiores em terras indígenas.

Os pontos de checagem seguem de pé indo aos acampamentos do norte da reserva das sete nações. E o bloqueio de estrada mais militarizado da história da Dakota do Norte é o da ponte de Blackwater, lugar do Incidente de Desafio, e do Incidente de Susy. Tem sido lugar de muitos enfrentamentos com feridos, muitas violações de direitos. Foi onde usaram canhão de água em 20 de novembro. Muitos incidentes que são importantes de serem levados em conta. Este bloqueio ainda está de pé.

Lembram de todas as negociações com o governador do estado, em que eles disseram que a estrada estaria aberta aberta para os manifestantes? Mas eles nunca liberaram essa ponte até o oleoduto estar concluído. E nós ficamos sabendo hoje, por parceiros da companhia de transmissão energética, foi que o disseram, as escavações estão concluídas. Eu não sou especialista, eu não sei quando Trump disse que levariam algum tempo para escavar, já deve ter dado tempo suficiente para escavarem por baixo do rio e sair do outro lado. Estão prontos para instalar os tubos. Isso quer dizer que estão escavando desde janeiro.

No acampamento dava para ouvir, dava pra sentir o solo tremendo, dava pra saber que isso estava acontecendo.

(Transcrição temporariamente interrompida em 5min27)

Aparato de guerra no segundo dia de remoção do principal acampamento contra o oleoduto em Standing Rock

https://www.facebook.com/unicornriot.ninja/videos/431320347202192/

Outra vez a mídia alternativa Unicorn Riot registrou imagens do aparato de guerra que invadiu Oceti Sakowin – o principal acampamento contra a construção do oleoduto em Standing Rock – na tarde de ontem.

Uma vez mais – no segundo dia de remoção do acampamento – casas e cabanas foram incendiadas em cerimonias, barreiras foram destruídas por tratores. Dezenas de pessoas que se recusaram a abandonar o acampamento foram presas.

Fonte: Unicorn Riot

 

(Abaixo a cobertura do grupo de mídia Unicorn Riot)

Militarized Force Executes Eviction of Main #NoDAPL Encampment

Cannonball, ND – After nearly a year of struggling against the Dakota Access Pipeline’s construction underneath the Missouri River, water protectors are now scheduled to be evicted from their main encampment. [Watch our LIVE updates below]

UPDATE Thursday, February 23rd, 11:45AM: A large militarized force has moved into the Oceti Sakowin main camp. We are streaming live on “Cam 1” which is embedded below, or directly on Livestream here. Armored vehicles and riot police are moving around the camp, as many camp participants and medics have evacuated across the frozen Cannonball River to the Rosebud Camp.


As of Wednesday afternoon, the encampment, on unceded Fort Laramie Treaty land and maintained by the Army Corps of Engineers, has a few hundred water protectors still holding steady as the eviction looms.

Ceremonial fires have been raging throughout the snow-filled morning.

For our LIVE feeds from the muddy encampments, see below. If we are not live at the moment, click into the ‘event posts’ (play button) on the top right of the stream for today’s videos.

We spoke with an Indigenous elder in the late morning who talked about passively resisting the scheduled eviction, saying,

We have no intentions on leaving, we are standing on our 1868 Fort Laramie Treaty rights, we are taking an 1868 Fort Laramie Treaty stance and we are legitimate 1868 Fort Laramie Treaty representatives. For my people out there, we stand for you, and water.”

Watch the interview below:

He further stated,

This is a sacred site and we are protected by federal statutes … forcefully removing us from treaty territories is another violation. Again, we are here in peace and prayer, we are supposed to be protected and we’re not. We’re going to resist, and it’s passive resistance, we’re not going to fight them. At the same time, we’re going to be praying for them and their families for this water, that they need, that we all need.”

With less than an hour before the set eviction time of 2 p.m., many water protectors marched south out of camp towards the Cannonball bridge as more fires burned.

With less than ten minutes before the scheduled eviction, the north gate into camp was blocked with metal barricades and the security shack was lit afire.

The scheduled eviction time of 2 p.m. came and went with no loud announcements by the police. Since then, groups of water protectors and law enforcement have had discussions on Highway 1806.

More wood structures were lit on fire after 2:30 p.m. CST.

A video update from 2:50 p.m. shows fires still raging across camp with a small amount of water protectors left, riot squads readying on Highway 1806, and the media taking it all in.

After an hour and a half past the scheduled eviction time, police still had yet to enter camp and Army Corps representatives stated that they are scheduled to clean the camp at 9 a.m. tomorrow.

Watch the conversation with the policy advisor for Governor Burgum that happened on Highway 1806 around 3:30 p.m. below:

A bit after 4 p.m. CST, police officers led by the Wisconsin State Patrol started to make arrests of people on Highway 1806, including a Rabbi, legal observers, and journalists.

The person seen in the above picture being tackled by Wisconsin State Troopers and Morton County Sheriffs has been identified as Eric Poemz. While he was attacked he was livestreaming through his Facebook and can be heard screaming in pain after being tackled to the ground and saying he thinks his hip is broken.

There have been 10 arrests so far today according to Dennis Ward from Aboriginal Peoples Television Network.

At about 5 p.m. there was an update given by two water protectors who were acting as the police liaisons.

There’s no negotiating anymore, there’s no ceremonies, they’re just gunna come and arrest. But they’ve given us one last opportunity to say ‘hey we want to leave’ and if we leave then we won’t get arrested.”

They went on to say that the Army Corp of Engineers won’t be entering the camp to do any cleaning until the area is clear of people.

There’s concerns about a group in here that wants to kill the cops. They think there’s some kind of group in here, I have not seen any group like that, but they think there is.”

Meanwhile mainstream media ABC has been allowed to stand with the police and will not be arrested.

 

 

KFYR-TV, a local NBC and FOX affiliate for the Bismarck-Mandan and Dickinson, North Dakota region, was live for a press conference with North Dakota Governor Doug Burgum, Morton County Sheriff Kyle Kirchmeier, and other state and Army officials about today’s eviction.

It’s our desire that people leave voluntarily from the camp and at 9 o’clock tomorrow morning. It’s our intention in a coordinated way again with the state of North Dakota, Standing Rock Sioux Tribe, Army Corp of Engineers, to enter the Oceti Camp and continue the clean up efforts that we’ve begun in the last few weeks.”

Polícia invade acampamento principal de Standing Rock e prende manifestantes

 

Ontem, 22 de fevereiro, no final da tarde, seguindo as ordens de Donald Trump – mais um presidente dos Estados Unidos fantoche de mega corporações – um aparato policial de guerra atacou o acampamento Oceti principal na terra indígena Lakota Sioux de Standing Rock.

https://www.youtube.com/watch?v=gaEqS3BuqcQ

A polícia cercou a área e tropas de choque ultrapassaram as barreiras erguidas para proteger o acampamento. Nas imagens dos vídeos, nove pessoas, protetores da água – indígenas, ativistas e ambientalistas foram presos. Tipis e outras construções foram incendiados em cerimonia de tristeza e revolta.

Um avião foi utilizado para censura, com um dispositivo que interfere no sinal de celular dos acampados. A tentativa de censura não deu certo. Centenas de registros audiovisuais estão sendo colocados na internet evidenciando a invasão das terras pelo aparato repressor a serviço das petroleiras, e toda brutalidade policial.

https://www.youtube.com/watch?v=fotr5X7PQ7I

https://youtu.be/wZRROrgYZoo

Indígenas se mobilizam contra terceirização da Sesai

Secretaria Especial da Saúde Indígena é cobiçada por aliados de Michel Temer desde o ano passado. Mobilização de hoje reuniu lideranças de várias etnias e lotou o auditório do Ministério da Saúde. Novo gestor prometeu não extinguir serviços.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) promoveu a #OcupaSESAI nesta quarta-feira (22). A ação teve o objetivo de impedir retrocessos na Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), que pretende ser usada como moeda de troca por Michel Temer em negociações com políticos aliados. Ano passado tentaram extinguir a secretaria. Dessa vez, é a possibilidade de terceirização dos serviços prestados que mobilizou mais de 20 etnias indígenas no Ministério da Saúde. Cerca de 300 homens e mulheres lotaram o auditório do prédio.

De acordo com Takwyry Kayapo, presidente do Conselho de Saúde Indígena, o governo de Michel Temer não tem conversado com as lideranças indígenas nas tomadas de decisões, “apenas atendendo aos interesses das bancadas no congresso, como a bancada ruralista”, afirmou. Para ele, “a política de saúde indígena virou um balcão de negócios e não concordamos com esse modelo de gestão”, em referência à distribuição de cargos sem levar em conta características técnicas para exercício das atribuições previstas.

O novo titular da Sesai, Marco Antonio Troccolini participou da reunião no auditório e disse que a sua presença “atende a uma solicitação feita pelas lideranças indígenas e esta pretende ser uma das características da minha gestão”, ressaltando que mesmo ainda não tendo tomado posse, deseja manter um canal de diálogo com as várias etnias dependentes do trabalho da secretaria. Troccolini também prometeu “manter aquilo que está funcionando bem”, insinuando não interromper serviços tidos como fundamentais pelas populações.

Sonia Guajajara reiterou que “a sesai não é moeda de troca para acordos políticos. Vocês não podem deixar de considerar nossa opinião na secretaria. Não vamos aceitar negociatas políticas em detrimento da saúde Indígena”, pedindo para que interesses pessoais de deputados não interfira na condução das políticas públicas do setor.

Mesmo com as promessas do novo gestor, a articulação dos povos indígenas exigia uma reunião com o ministro e secretários da presidência, para reclamar das nomeações que “vêm direito da Casa Civil, sem serem negociadas com as nossas lideranças”, afirmou Takwyry Kayapo. Ao final da tarde, uma audiência na Casa Civil foi obtida pela Apib.

No ano passado, uma grande mobilização indígena em todo o Brasil conseguiu barrar o desmonte de algumas políticas públicas que estavam na mira do governo que se instalou no poder após o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Daquela vez, conseguiram impedir os retrocessos. A ação de hoje mostra que os povos originários continuam atentos aos seus direitos.

A Mídia NINJA acompanhou o ato de hoje com duas transmissões ao vivo. Confira nos links abaixo:

Dos Protetores da Água em Standing Rock: “Bravos Corações para o Fronte” (EUA)

Os Protetores da Água em Standing Rock compartilharam esse vídeo

https://youtu.be/RgRhxJAmye4

convidando todos os “bravos corações” para viajarem até a Reserva Standing Rock na Dakota do Norte e se juntarem a eles na luta para impedir a construção do oleoduto de Dakota.

No final do ano passado, a resistência generalizada contra o projeto do oleoduto levou a administração Obama a momentaneamente parar sua construção, com o Army Corps of Engineers (Corpo de Engenheiros do Exército) anunciando que isso conduziria a uma nova revisão dos impactos ambientais do oleoduto. Mas poucos dias depois de sua posse, o presidente Trump soltou um memorando incitando o Army Corps of Engineers a acelerar a revisão e aprovar o processo. As pessoas que resistem no local reportaram que a brutalidade policial e a militarização aumentaram significativamente desde então. Trump também autorizou a polícia a despejar os resistentes a partir de 22 de fevereiro.

Para auxiliar as pessoas no local e ajudar a manter os Protetores da Água fora da prisão, você pode doar para o fundo da Water Protectors Legal Defense (Defesa Legal dos Protetores da Água) no link abaixo:

Secure.Every.Action

Tradução: Bruno Laet

Fonte: Agência de Notícias Anarquistas

Manifesto Kayapó Mebengokré: Recuar Jamais

Na foto, guerreiros da aldeia Kedjerekrã prontos para a luta.
Foto: Simone Giovine

Nós, o povo Kayapó Mebengokré, articulados com o movimento indígena nacional, manifestamos nosso repúdio aos ataques deste governo aos nossos direitos. Entregar a Funai ao PSC e aos militares é ignorar nossas reivindicações para atender aos interesses de parlamentares e grupos econômicos que só querem tomar as nossas Terras e acabar com nossos direitos.

A eles, nosso recado: jamais recuaremos na defesa dos direitos conquistados. Estamos preparados para a guerra e unidos na defesa de nossas terras, famílias e cultura!

A luta continua até o último índio!

Após tentativa de retomada de terras em Chubut, repressão brutal aos Mapuche não tem fim

Após tentativa de retomada de terras invadidas pela Bennetton

A la represión que se produjo el marte 10 de enero contra los mapuches que tomaron campos de Benetton se le suma, un día después, un nuevo hecho de violencia policial.

(fotos gentileza FM Alas y Cholila On Line)

“A eso de las 20 entró nuevamente la infantería a la comunidad, no sabemos si hay un juez que dio la orden o qué. Hay un herido de gravedad en el cuello”, denunció Soraya Maicoño, vocera de prensa del Lof mapuche en Resistencia Cumashen, en conversación con Veintitrés desde acampe frente a los tribunales de Esquel, donde se registraban en horas de la noche del miércoles movimientos de Gendarmería y policía provinical que hacen temer una nueva represión.

La Agencia de Noticias Redacción (ANRed) confirmó que el nombre del herido es Fausto Emilio Johnny Huala y fue herido por una bala de plomo. Fue trasladado al hospital de Lago Puelo, luego de un larga espera ya que no llegaba la ambulancia. Además, hay otro herido en el Hospital de El Maitén con lesiones de perdigones en la cara.

La vocera de la comunidad relató que estuvieron todo el día frente a los tribunales reclamando la libertad de quienes habían sido detenidos el martes 10 de enero y que hubo maltratos. “A una de las compañeras detenidas, Ivana Huetelaf los gendarmes le dieron durísimo, la molieron a golpes. Esto parece la época de la dictadudra, no nos querían decir dónde estaban los detenidos”.

Las brutales represiones ejecutadas por gendarmería y la policía de la provincia de Chubut contra la comunidad mapuche Pu Lof en Resistencia del Departamento Cushamen se hace ante la ausencia de los medios. Y ante ausencia del personal del juzgado federal que ordenó el allanamiento. La primera de las represiones sucedió durante la misma jornada en la que debutó la policía de la Ciudad reprimiendo a los manteros e hiriendo en la pierna y el codo al fotógrafo de Crónica Rubén Paredes.

Según denuncian las comunidades mapuche, hubo “terrorismo de Estado”: el martes 10 cientos de gendarmes y policías que golpearon y maltrataron a hombres, mujeres y niños, asustando a los animales y destruyendo casas y huertas. Detuvieron a diez integrantes de la comunidad. Con un acampe en las puertas de los tribunales federales de Esquel sus familiares y compañeros reclaman su inmediata libertad. Y un día después, se repitió la represión.

A las 22 del miércoles 11, mientras llegaban las noticias de una nueva represión, la justicia federal denegó la excarcelación de Ricardo Antihuel, Nicolás Huala y Ariel Mariota Garzi, que permanecen detenidos en la  Unidad Nº 14 del Servicio Penitenciario Federal de Esquel. José Luis Buchili, Ivana Huetelaf, Jaime Gustavo, Daniela González, Javiera Huencapan, Javier Huechupan Ruiz y Pablo y Gonzalo Seguí permanece  en la comisaría 1era de esa ciudad.

El operativo de martes fue realizado por Gendarmería y policía provincial: participaron 21 móviles de ambas fuerzas, incluidos por lo menos dos colectivos, un camión hidrante, un camión de carga, un helicóptero, caballos, drones y numerosos furgones y camionetas. Cientos de efectivos con escudos, cascos y armas largas contra 20 familias.

Para accionar, la Gendarmería garantiza la impunidad de sus hombres. Para eso, cercó toda la zona con un vallado de 4 kilómetros a la redonda impidiendo la presencia de trabajadores de prensa en el lugar de los hechos. Ni periodistas ni camarógrafos estuvieron presentes. La aplicación de la “zona determinada para la prensa” propuesta para los medios en el protocolo de actuación de las fuerzas de seguridad ante manifestaciones públicas” llevada a su absurdo. El corralito es afuera del lugar de los hechos.

La represión del martes

La orden del Juez Federal Guido Otranto fue “al sólo efecto de remover y secuestrar los obstáculos materiales que se encuentren colocados sobre las vías de circulación del Viejo Expreso Patagónico La Trochita”. Y aclaró que no incluía orden de detener a nadie ni desalojar el predio. Las cosas se produjeron de otra manera.

“La orden de desalojo de la justicia federal fue operativizada con una desproporción de fuerzas escalofriante. No eran más de 20 personas cortando las vías. Fueron cientos de gendarmes de los cuerpos de elite. Golpearon, maltrataron y dañaron casas, huertas y el ganado”, explicó Carlos González Quintana, de la Asamblea Permanente por los Derecho del Hombres (APDH).

Las tierras por donde pasa La Trochita  fueron recuperadas por la comunidad mapuche que la reclama como propia por sus derechos ancestrales. Como la Comuna de Pie de El Bolsón, tienen un contrincante de peso, que cuenta con la sumisión de las autoridades : en este caso no es el magnate inglés Joe Lewis sino el multimillonario italiano Luciano Benetton, que los denunció por usurpación, en el mundialmente conocido conflicto por la estancia Leleque de la Compañía de Tierras Sud Argentino SA. Hasta noviembre pasado funcionó una mesa de negociación entre la empresa de la trochita, la comunidad y el gobierno provinical. Los comuneros reclamaban que el tren, que va de Maitén a Esquel, no pasara por las tierras que ellos ocupan, ya que están en litigio. Pero, denuncian, el gobierno provincial dinamitó las conversaciones.

González Quintana detalló el armado policial y judicial en contra de la comunidad mapuche. “Primero, sitiaron el acceso para que nadie se acerque a apoyar la resistencia. No se permitió el ingreso a los medios de prensa. Luego se produce el segundo hecho investigado por justicia provincial, se origina en un supuesto abigeato, en grado de tentativa, los comuneros salieron en búsqueda de los caballos que se habían disparado por semejante procedimiento. Fueron emboscados”, denunció.

Mientras el abogado defensor de derechos humanos relataba por vía telefónica los acontecimientos, un funcionario del Poder Judicial le pidió que se retire del edificio. González Quintana siguió con la conversación: “Es muy triste todo esto, hicieron intervenir a una fuerza de elite preparada para situaciones donde está en juego la seguridad de la nación para liberar el corte de una vía férrea interrumpida por 20 personas, 8 de ellas mujeres con niños. Es un avance de las fuerzas de seguridad del ministerio de Patricia Bullrich al servicio de magnates poderosos que se están quedando con la Patagonia en perjuicio de comunidades con derechos ancestrales que están luchando por un pedazo de tierra. Causa escalofríos. Hacemos responsables también al gobernador Mario Das Neves. Si siguen deteniendo y golpeando y si finalmente el juicio por usurpación tienen una sentencia favorable, vamos a tener una rebelión en la zona patagónica”.

“La gendarmería avanzó reprimiendo de una manera que se nota que se sienten liberados para actuar por el gobierno nacional, con violencia física psicológica contra nuestra gente” dijo Auka, vocera de la comunidad, en diálogo con Radio Encuentro de Viedma. En esa ciudad, al igual que en Buenos Aires, Córdoba y muchas otras hubo movilizaciones de repudio.

En una entrevista con FM Alas de El Bolsón Mariana Seguí, hermana de dos de los detenidos contó detalles de la violencia.  “En el traslado de Maitén a donde los llevaron detenidos al principio a Esquel los golpearon a todos. Tienen que agradecer que estén vivos. A algunos les pasaron balas a la altura del hombro, dispararon balas de plomo. Es un intento de homicidio. Van a querer disimular los balazos porque ellos mismos hacen las pericias. Reprimieron en la puerta del hospital. Fue un cacería de personas “, dijo

Auka detalló uno de los momentos más difíciles. “Las mujeres y niños, corrieron a resguardarse a la ruca, donde hacemos nuestras ceremonias, conversaciones y charlas, se encerraron para resguardarse, 200 gendarmes las rodearon, rompieron todas paredes y entraron por los techos, tiraron gases lacrimógenos. Cuando lograron entrar abrieron un matafuego en la cara nuño de dos años. A otro niño le dieron un palazo en la cabeza. Arrastraron a las mujeres por el campo, las esposaron. Algunas estaban descansando y nos las dejaron vestirse. No puedo entender como personas pueden llegar a actuar de esta forma ante niños y mujeres. Se burlaban de nuestra cultura, agarraban los cultrún que son instrumentos ceremoniales para nosotros y se reían, maltratando a nuestra gente con su actitud represiva.”

“Se demostró una vez más que el estado es terrorista. Imponen el terror al pueblo. Hacemos responsables el gobierno provincial y nacional por lo que nos pueda suceder. Agradecemos a los medios conscientes que acompañan esta lucha digna de un pueblo. No vamos a bajar la guardia contra el capital y neoliberalismo. No nos van a sacar de nuestro territorio. Vamos a seguir llamando a nuestra gente a que se levante. Somos un pueblo ancestral y milenario, vamos a seguir levantándonos. Nos van a tener que sacar muertos de nuestro territorio”.