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Ciclo de Encontro com Mulheres Indígenas

cheia

 

http://centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br/atividade/ciclo-encontro-com-mulheres-indigenas

Programa
O ciclo reúne mulheres de diferentes etnias – Kura Bakairi, Yawalapiti, Kamaiurá, Guarani, Karajá, Javaé e Xavante – para uma reflexão em torno do universo feminino indígena e as culturas indígenas em suas diversidades.Com mediação de Cristina Flória, produtora cultural, graduada em Ciências Sociais pela PUC/SP. Há mais de 20 anos desenvolve projetos culturais com comunidades indígenas.

20/03 (10h às 13h15) – Avanços sociais da mulher indígena e meio ambiente. Com Carmen Junqueira, Darlene Taukane e Cristina Flória.

 

Cristina Flória, Carmen Junqueira e Darlene Yaminalo Taukane, apresentam ao público referências teóricas sobre a temática indígena abordando os critérios de identificação indígena, os direitos garantidos aos povos indígenas na Constituição Federal de 1988, os avanços sociais da mulher indígena, as atividades que o Instituto Yukamaniru de Apoio às Mulheres Kura Bakairi desenvolve na aldeia Kuiakware, e a cultura Kura Bakairi.20/03 (14h15 às 17h30) – Mulheres Xinguanas, suas conquistas e desafios. Com Watatakalu Yawalapiti e Kaiulu Yawalapiti Kamaiurá.

 

Watatakalu Yawalapiti e Kaiulu Yawalapiti Kamaiurá desenvolvem uma reflexão sobre o universo feminino das mulheres indígenas do Xingu, os projetos que vêm desenvolvendo através da Associação Yamurikumã das Mulheres Xinguanas, que reúne 16 etnias do Parque Indígena do Xingu, abordando também as culturas Yawalapiti e Kamaiurá.Será exibido o vídeo Encontro das mulheres Xinguanas, filmado por realizadoras Kawaiweté, por ocasião do II Encontro das Mulheres Xinguanas realizado em outubro de 2013, em Canarana, no Mato Grosso. O encontro reuniu 250 mulheres de 16 etnias para discutir o papel que a Associação Yamurikumã deve exercer para que as mulheres xinguanas tenham mais força e participação política nas instâncias de decisão dentro e fora do Xingu.

21/03 (10h às 13h15) – Cultura Guarani e saúde indígena. Com Djerá Rete e Arazu Guarani.

 

Djerá Rete e Arazu Guarani, da aldeia Tekoá Ytu, da Terra Indígena Jaraguá, localizada na periferia de São Paulo, desenvolvem sobre o universo feminino Guarani, os desafios em relação as questões referentes à saúde indígena, os trabalhos que o Centro Cultural Rapó tem desenvolvido dentro da aldeia, e a cultura milenar Guarani em convivência com a sétima cidade mais populosa do planeta e considerada a 14a. cidade mais globalizada do mundo.21/03 (14h15 às 17h30) – Identidade, cultura e diversidade cultural. Com Severiá Idioriê.

 

Severiá Idioriê Xavante, encerra o ciclo do Encontro com Mulheres Indígenas trazendo reflexões referentes a sua experiência como educadora em escola indígena e sobre questões referentes a identidade, cultura indígena e diversidade cultural.Exibição do documentário Piõ Höimanazé – a mulher Xavante em sua Arte, filmado entre 2007 e 2008, na aldeia Xavante Etenhiritipá, Terra Indígena Pimentel Barbosa, no Mato Grosso. Filme inédito sobre o universo feminino Xavante protagonizado por mulheres de diversas gerações, que revelam sua arte, de raízes culturais profundas, retratando em minúcias todo o seu esplendor, a riqueza de seus conhecimentos que são mantidos há milhares de anos e transmitidos de geração a geração até os dias atuais.

(Foto: Cristina Flória)

Inscrições a partir do dia 23/02, às 14h.

(VÍDEO) Povos indígenas e a ditadura militar

Após pressão de organizações de direitos humanos, o Grupo de Trabalho Indígena é incluido nas investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV), trazendo à tona uma realidade desconhecida da sociedade brasileira: os povos indígenas foram um dos grupos mais atingidos pela ditadura militar no Brasil. Massacres, escravizações, prisões clandestinas, torturas, estão entre as denúncias apuradas pelo recem encontrado “Relatório Figueiredo”.
Como se aplica à história desses povos os conceitos de Verdade, Memória e Justiça do estado de direito democrático brasileiro?

Sobre o Relatório da Comissão Nacional da Verdade e Povos Indígenas

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) em parte é uma vitória dos movimentos sociais, particularmente dos movimentos que puseram em discussão a questão indígena. Ele ratifica o que os movimentos indígenas e comitês locais já apontavam: os povos indígenas são as maiores vítimas da ditadura militar no Brasil e somam ao menos 8.350 mortos. E mais, o relatório reafirma que são mortos e desaparecidos políticos, pois lutavam para gerir autonomamente seus territórios. É também muito feliz a colocação de que o Estado Brasileiro deve garantir a reparação, especialmente devolvendo os territórios invadidos pela grilagem de terras.
Por outro lado, o relatório é uma radiografia fiel dos preconceitos que atravessam ditaduras, democracias e governos populares. O exemplo mais infeliz disso está na página 684 do relatório, quando se discute a guerrilha do Araguaia. Ali se lê, com todas as letras, o seguinte:
“prevaleciam na região as zonas de mata fechada e as áreas ainda inexploradas pela ocupação humana (em parte devido à presença maciça de povos indígenas na região)”. 
 

Waimiri-Atroari Desaparecidos na Ditadura

Waimiri-Atroari Desaparecidos na Ditadura

A oposição que se faz entre ocupação humana e ocupação indígena, muito comum na Academia e no Jornalismo, é a mais fiel demonstração da limitação de raciocínio que o preconceito promove nos indivíduos. Neste caso o preconceito é tamanho que a própria condição humana é negada aos indígenas de tal forma que não se reconheça de forma integral as graves violações de direitos humanos cometidas contra estes povos.
O infeliz preconceito se repete na distinção que se faz entre moradores e indígenas (na página 717 do relatório) e nas listas de desaparecidos onde não se vê os nomes dos Waimiri-Atroari, Kaiowá, Tenharim… E não é por falta de nomes, pois o comitê do Amazonas listou dezenas de nomes entre os mais de 2000 mortos do povo Waimiri-Atroari.
O relatório foi entregue, mas o Brasil ainda não fechou essa página sangrenta de sua história. É preciso que se esclareça cada uma das mortes, não podemos esquecer ninguém. A luta dos povos indígenas continua, é o legado dos que já se foram, sujeitos políticos que fizeram, fazem e continuarão fazendo histórica de luta sobre e pela terra.
Agora será preciso uma Comissão Multicultura da Verdade, pois ninguém pode ser esquecido!

Índios desfilam com homem pendurado no pau de arara durante cerimônia de formatura da Guarda Rural Indígena

Soldados da Guarda Rural Indígena desfilam com outro índio pendurado no pau de arara durante cerimônia de formatura, 1970

 

Manaus, 10 de dezembro de 2014.
Maiká Schwade.
Fonte: Urubuí

Índios Munduruku: Tecendo a Resistência (Documentário)

O governo brasileiro está planejando construir um grande número de barragens hidrelétricas nos rios da Amazônia, destruindo a biodiversidade e interrompendo o modo de vida de milhares de índios e populações locais. Agora que as obras da gigante barragem de Belo Monte, no rio Xingu, estão a todo vapor, o governo está avançando com o seu próximo grande projeto – uma série de barragens no rio Tapajós. Mas os mais de 12.000 índios Munduruku, temidos como guerreiros, vivem nessa região e estão se mobilizando.

O documentário mostra a vida em uma aldeia Munduruku, onde as tarefas tradicionais são praticadas diariamente e as crianças crescem com uma liberdade admirável. O filme documenta o crescimento de sua resistência, que de diferentes formas sempre existiu, inclusive entre as mulheres, que têm papel fundamental nessa luta, e que agora também estão se levantando como guerreiras na articulação contra as barragens hidrelétricas.
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Este documetário foi produzido de forma independente, com apoio de algumas organizações, grupos da região do Tapajós e lideranças Munduruku. Toda a pós-produção foi executada graças ao trabalho colaborativo e em solidariedade à luta do povo Munduruku.

| Ficha técnica |

Reino Unido/Brasil, 25min
Dir.: Nayana Fernandez
Produção: Sue Branford, Mauricio Torres e Nayana Fernandez
Camera / Som: Nayana Fernandez
Edição: Nayana Fernandez e Jason Brooks
Edição de Som: Aquiles Pantaleão e Michal Kuligowski
Desenho de Som: Michal Kuligowski
Graficos: Mariana Delellis
Música: “Whispers” – Por Kushal Gaya e Jenny Sutton / “Mi Corazón” por Kike Pinto
Imagens adicionais: Índios Munduruku (aldeia Teles Pires), Emilio Días (aéreas), Alejo Sabugo (aldeia Restinga)
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“Índios Munduruku: Tecendo a Resistência”, de MiráPorã, está registrado sob licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 – International License e pode ser baixado gratuitamente para maior difusão no link a seguir.

Carta de Jairo Saw – liderança do Movimento Ipereg Ayu

tapajos

Somos povos nativos da floresta Amazônica, existimos desde a origem da criação do mundo, quando o Karosakaybu nos transformou do barro (argila) e nos soprou com a brisa do seu vento, dando a vida para todos nós. Desde o princípio conhecemos o mundo que está ao nosso redor e sabemos da existência do pariwat (não-índio), que já vivia em nosso meio. Éramos um só povo, criado por Karosakaybu, criador e transformador de todos os seres vivos na face da Terra: os animais, as florestas, os rios e a humanidade. Antes, outros povos não existiam, assim como os pariwat não existiam.

O pariwat foi expulso do coração da Amazônia, devido ao seu pensamento muito ambicioso, que só enxergava a grande riqueza material. Portanto, a sua cobiça, a sua ganância, a sua ambição, o seu olho grande despertou o grande interesse econômico sobre o patrimônio que estava em seu poder. Não pretendia proteger, guardar, preservar, manter intactos os bens comuns, o maior patrimônio da humanidade, e isso despertou o seu plano de destruição da vida na Terra. Por isso, o Karosakaybu achou melhor tirar a presença do pariwat deste lugar tão maravilhoso, onde há sombra e água fresca.

Nossos ancestrais, no decorrer do tempo, nos transmitiram oralmente esses relatos sobre a vinda dos pariwat, oriundos de outro continente, a Europa. Contaram-nos que um dia chegariam a esse paraíso onde nós estamos. Hoje podemos presenciar os fatos sendo consumados.

O pariwat chegou, depois de viajar pelo mundo em busca de especiarias, produtos, mercadorias. Foram ampliando a expedição, em busca de conhecer outro mundo ou outra terra. Viajavam em caravelas até chegar ao chamado “novo continente”, que se conhece hoje como continente americano, onde está o Brasil, desde o século XIV.

Nossos avós diziam que, quando os pariwat chegassem até o nosso território, eles iriam tomar nossas terras, nossas mulheres, nossas crianças. Iriam nos matar, não nos poupariam vidas para possuir tudo aquilo que nos pertence: a nossa riqueza, os bens que possuímos, incluindo a nossa cultura, a forma como vivemos.

Invadiram nossa terra, muitos de nossos parentes foram massacrados, assassinados, foram submetidos à tortura e foram usados nos trabalhos forçados, servindo de mão de obra escrava.

Já no século XXI, na era contemporânea/continuamos sendo oprimidos, como nos tempos passados. Apesar de termos alcançado várias conquistas e garantido nossos direitos específicos e diferenciados na Constituição Federa” ainda assim esses direitos não são respeitados e reconhecidos. Hoje se utilizam do poder para impor o lema do “progresso e desenvolvimento”, a base da bandeira nacional: “ordem e progresso”. Tudo em nome do capital.

No primeiro momento, o objetivo era seguir exatamente como está escrito no símbolo da bandeira: pôr em ordem, organizar a política da sociedade civil. As leis estão organizadas desde o princípio, elas não devem ser mudadas, o que se deve fazer é cumprir e obedecer.

Nós, Munduruku, obedecemos leis e, embora não se encontrem escritas em nenhum arquivo, as conhecemos há milhões de anos e até hoje cumprimos essas leis.

A natureza tem leis e devem ser obedecidas. Se nós violarmos suas regras, ela se vingará e sofreremos as conseqüências. As leis estão em ordem, não devem sofrer interferência alguma.

Os “civilizados” escreveram leis e, a despeito delas, usam o poder para oprimir as pessoas que julgam ter menos conhecimentos. Não reconhecem os seus direitos, chegam até a intimidar, a ponto de ficarem submissas. A razão é dada apenas por um individuo ou classe com maior poder econômico.

Os “civilizados” dariam bom exemplo de cidadão pleno e letrado para as pessoas humildes, porque a lei foi feita por causa das injustiças criadas pelos pariwat de outro continente. Justiça é saber o que é certo e o que é errado, sem favorecer a um ou a outro, a balança não deve pesar nem para a direita e nem para a esquerda.

Existe uma haste entre os dois pratos da balança e a justiça deve ser feita para o cumprimento da lei, deve ser obedecida e aplicada a quem tentar infringi-Ia. Então, ao surgir a lei escrita, ela desvendou os nossos olhos, passamos a enxergar as coisas erradas dos pariwat a nosso respeito. Os nossos direitos estão em jogo. Falam tanto a nosso respeito, somos tratados como empecilhos para o desenvolvimento econômico do país. Mas nós não somos contra o desenvolvimento, o que queremos é que sejamos respeitados e que nossos direitos como indígenas sejam reconhecidos. A Constituição diz que é dever do Estado proteger, demarcar os territórios, garantir a segurança, respeitar as formas próprias de organização social e as culturas diferenciadas, por isso queremos respeito. Até a nossa crença, a nossa religião deve levar em consideração o modo como vivemos.

Respeitamos sempre a natureza, ela é de suma importância para nós e é essencial para a vida no planeta. Nós estamos preocupados com o equilíbrio do clima, com as mudanças climáticas. Resta apenas uma parte da floresta que está dando vida ao planeta chamado Terra e a seus habitantes. Esta pequena parte tornou-se alvo da ganância do pariwat.

Nós percebemos que os países ricos queriam levar o chamado “desenvolvimento” para o coração da Amazônia. Não levam em consideração os povos nativos desse continente, que estão aqui há milhares de anos. Estamos lutando, resistindo, protegendo com unhas e dentes esse nosso patrimônio, mas ninguém ouve nossos gritos de socorro em prol da vida no planeta. Sabemos que a vida dos pariwat também está em risco e não estamos apenas nos defendendo: estamos defendendo

toda a vida, toda a biodiversidade.

Existem tantos cientistas que estudam os fenômenos da natureza e alguns devem estar percebendo as mudanças climáticas, dia após dia, ano após ano. Em outros países vemos as conseqüências dos impactos causados pela ação humana. As conseqüências estão sendo sentidas e estão fora da normalidade. A natureza está sofrendo alterações no seu funcionamento, que vão além da sua capacidade, ela já não está suportando a pressão causada pelos humanos.

Alguns exemplos dessa pressão são: poluição do ar produzida pelas grandes fábricas e indústrias, automóveis, desmatamento, explosão de dinamites, dentre outros. A natureza não consegue transformar o oxigênio para devolver para nós, porque a impureza do ar contaminado é maior do que a sua capacidade. O acúmulo de ar poluído torna-se pesado para as árvores. É notado isso claramente nas leis da física.

As árvores não conseguem absorver todo esse ar impuro. O peso do ar não é visto por nós, mas percebemos através do aquecimento. Em algumas regiões, o clima é seco e quente, geralmente as fontes de água secam, secam as relvas, assim como as folhas das árvores caem e os animais não conseguem encontrar abrigos e alimentos. Por falta de vegetação, o equilíbrio está ameaçado, colocando em risco a vida dos homens e dos animais. Não há mais vapores de água produzidos pelas árvores, pela manhã não há gotas de orvalho. Nas grandes cidades, o clima não é diferente. Para dizer a verdade.ias pessoas estão sedentas, cansadas, querem sentir a brisa de ar frio pela manhã. No interior das casas, seja de noite ou de dia, o ambiente não é favorável, já é quente.

Outro fator de alto risco é o acúmulo de gás poluente, as fumaças das grandes queimadas, que chegam e se alojam na camada de ozônio. Muitas vezes chegam pouco a pouco de algumas regiões e outras vezes chegam em grandes quantidades, aumentando a extensão do volume de gás poluente, rompendo a barreira de proteção da filtração de raios solares em direção à terra. Nem podemos imaginar a causa disso.

Pode ser que digam que isso é o aquecimento global ou o efeito estufa, prejudicial à nossa saúde.

Todo mundo sente e vê os impactos dos fenômenos estranhos decorrentes da mudança da natureza. Em alguns países vemos terremotos, enchentes, secas, doenças, tsunamis, acidentes, maré alta, vulcões, chuvas com raios e trovoadas. Tudo isso é conseqüência causada pelas mãos dos homens. Eles estão desequilibrando o equilíbrio do ecossistema. Estão colocando em risco a vida da humanidade. O planeta todo vai ao caos.

Alguns estudiosos, como astrônomos, físicos, meteorologistas, que entendem de ciências naturais, podem explicar melhor cientificamente, tecnicamente e filosoficamente. A natureza tem uma lei. Ela age e faz acontecer tudo naturalmente, sem que o homem interfira.

Mas essa lei não é obedecida, é desobedecida. Dá pra entender que temos leis (Constituição) para nos punir. Do mesmo modo, a natureza nos pune. Temos capacidade além da natureza, mas nunca vamos entender as suas ações.

A Terra está sofrendo impactos, está sendo tirada a sua cobertura (vegetação), seu teto destruído (camada dê ozônio), alterada a sua fonte de vida (água) e todas as formas de vida. A sua estrutura sólida, que é a base de sustentação das rochas, solos e águas, está sendo destruída com explosão de dinamites. O lençol freático, com a base rompida, poderá abrir frestas e a água potável poderá secar o seu leito. A rocha, após sofrer explosões, elas racham, se quebram, rompem, se afastam uma das outras. Ela não vai estar sólida.

Na superfície da Terra, quando é provocada a estrutura que sustenta a camada externa, com o tremor, a tendência da vida externa é sofrer impacto. Logo se abre a abertura numa determinada camada da terra, causando a erosão, a fratura da base subterrânea. Começa a encontrar um caminho para o fundo da terra, através das enxurradas penetram as águas potáveis, poderá secar a fonte de água doce, com rompimento das camadas de rochas.

Nosso receio é a liberação de gás prejudicial à vida dos seres humanos. O próprio vulcão inativo se ativará. Será um desastre não só para a Amazônia, o mundo todo sofrerá calado. Ao ser liberado o calor dos vapores do vulcão, quando a água penetrar pelo canal aberto até o manto, o calor através de vapores do contato com a água, o ar será aquecido, sendo prejudicial à vida existente no planeta terra.

Será que o mundo vai permitir esse genocídio que está sendo anunciado com a decisão do governo brasileiro de construir grandes hidrelétricas na região amazônica, causando impactos irreversíveis para toda a humanidade? É a vida na Terra que está em perigo e nós estarnos dispostos a continuar lutando, defendendo a nossa floresta e os nossos rios, para o bem de toda a humanidade. E vocês? Vocês estão dispostos a ser solidários nessa luta?

Foto: Maurício Torres

Chamado contra Belo Monte – Um Genocídio Energético

Em 10 de Dezembro de 2014 – Dia Internacional da Luta Contra Belo Monte

Um enorme buraco em meio a floresta irá servir ao mesmo tempo de berço para o progresso estatal e capital, e túmulo para os povos indígenas do Xingu e Tapajós. A usina hidroelétrica de Belo Monte segue sendo construída a despeito de seus terríveis impactos e sua ineficiência sazonal. O fundamentalismo energético capitalista não cessa de colocar em risco o futuro das gerações vindouras dos povos ameríndios no Brasil.

A construção de Belo Monte anuncia não uma guerra, mas o assassinato premeditado de modos de vida milenares desenvolvidos em relação e harmonia com as cheias e secas dos rio Xingú, a vastidão viva da floresta amazônica, o respeito da diferença em toda suas diferentes formas e expressões.

A violência da civilização industrial não conhece limites.

Para além das propagandas, o estado brasileiro ergue Belo Monte para cumprir seus acordos sujos com grandes construtoras, (CCBM, Norte Energia entre outras) que atualmente financiam as campanhas do Partido dos Trabalhadores. Este governo como qualquer outro ambiciona mais impostos, planejando futuros parques industriais e zonas francas, a instalação de grandes minerações (Projeto de Volta Grande da Belo Sun Mining corporação canadense de extração de ouro e outros metais) e indústrias metalúrgicas altamente poluentes nas proximidades e mesmo dentro das terras indígenas.

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Munduruku paralizam retroescavadeiras em ocupação do pátio de obras da usina de Belo Monte para protestar contra a sua construção em 8 de junho de 2012.

O projeto de Belo Monte foi elaborado no último período ditatorial. Nos últimos governos este projeto foi resgatado e vem sendo implementado da forma mais autoritária possível por um regime pretensamente democrático. A exigência por justiça dos povos indígenas nos faz lembrar que este estado de direito é uma falácia e que não há diferença alguma entre as políticas dos ditadores em relação àquelas dos seus predecessores democratas.

Belo Monte é apenas uma das muitas covas cravadas no futuro dos indígenas, muitas outras hidroelétricas seguidas de polos industriais estão sendo planejadas para os próximos anos. Os PAC – Planos de Aceleração do Colapso – são parte do IIRSA – Iniciativa para Integração da Infraestrutura Física Sul-Americana – uma infinidade de mega-obras voltadas para o aumento da produção capitalista nos países sul-americanos, sempre em detrimento da vida de milhões de pessoas, afetando principalmente as populações indígenas e ribeirinhas.

Mulher Kaiapó acerta rosto de tecnocrata com um talho de facão. Lembrando a eles que não são inatingíveis.

Em 1989  mulher Kaiapó acerta rosto de tecnocrata da Eletronorte com um facão. Lembrando aos inimigos da floresta que não são inatingíveis.

Munduruku, Kayapó, Xikrin estes e muitos outros povos – tanto no Xingú como por todo mundo – estão se mobilizando contra às forças que operam pela construção da represa de Belo Monte. A imagem do machete da mulher Kaiapó no rosto do engenheiro nos recorda que o amor não implica em pacifismo, mas sim na luta pelo futuro de quem que se ama.

No interior destas corporações e empresas envolvidas na construção de Belo Monte, assim como em iniciativas similares, estão investidores, articuladores e tecnocratas – homens e mulheres a serviço do fundamentalismo energético, buscando lucro acima da vida, pessoas com endereço, nome e sobrenome.

Este é um chamado para a guerra contra Belo Monte, um chamado para o ataque de seus perpetuadores. Lutar contra Belo Monte, lutar contra o genocídio significa mostrar a estas pessoas e a estas empresas, que não se encontram além das conseqüências de suas escolhas, que a violência industrial que lançam sobre a floresta, pode justamente se voltar contra elas.

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Com lanças e flechas kaiapós entram no pátio de obras da Usina de Belo Monte e declaram guerra aos assassinos dos povos da floresta.

Para contribuir com esse chamado á guerra, colocamos aqui uns links onde se pode encontrar esses nomes, sobrenomes, endereços de pessoas e entidades responsáveis pela destruição do Xingu e Tapajos, seus diversos habitantes.

http://norteenergiasa.com.br/site/noticias-home/

http://www.belosun.com/Corporate/Board-of-Directors/default.aspx

http://www.belosun.com/Investors/Presentations/default.aspx: aqui o plano de exploração de minas de ouro na região do Xingu, plano feito em colaboração e coordinação com usina do Belo Monte.

http://blogbelomonte.com.br: blog da Belo Monte

Olhares da CLAPA sobre o V Encontro dos Kujã no Morro do Osso

No Morro do Osso (POA-RS) – territórios cativos do estado brasileiro – no 21 e 22 de Novembro, aconteceu o 5° Encontro dos Kujã, (reunindo xamãs, parteirxs, sábixs, silenciosxs ou faladorxs, curiosxs e apoiadorxs) organizado pela força de articulação dos Kaingang.

Estiveram reunidos junto na aldeia Tupeng Pö, (TI Morro do Osso), parentes de 18 terras kaingang. Em sua quinta edição o encontro mostrou a potência desperta dos kujã com narrativas e práticas ancestrais kaingang voltadas para a saúde, o fortalecimento e a luta, num contexto de reivindicações dos povos nativos por direitos existenciais e liberdades originárias.

Em muitos pronunciamentos os líderes e oradores manifestaram tristeza com a morte do sábio corajoso, Augusto Opë da Silva em Iraí (RS), indignação com assassinato do jovem guerreiro Davi Limeira de Oliveira, professor bilingue em Vicente Dultra (RS), ódio ao cerco policial de mais de trezentos homens (militares e federais com helicópteros, cães e cavalos, e ainda aplicações forçadas de políticas biométricas) contra a pequena comunidade kaingang de Kandoia (RS).

Em muitas falas, duras críticas à civilização branca (fög kupri), este sistema de monocultura que castiga e hierarquiza a diferença para explorá-la. Os fög, disse um sábio com suas próprias palavras, nos fazem armadilhas, para aprisionar modos distintos de ser em relações de dependência e escassez. Nas falas dos mais sábios se reconheceu a aversão e consciência em relação ao modo de vida civilizado, enquanto máquina desumana que disfarça com ilusões e mentiras sua nocividade à toda vida.

Foi relembrada pelos kaingang da TI Rio dos Índios a inação da FUNAI e de outras instituições que realizaram discursos bonitos enquanto nas terras indígenas acontecem intervenções colonialistas militares territoriais. Contra esta dominação branca e a violência colonialista secular os jovens dançaram furiosamente e se reafirmaram como kaingang, em meio a uma sociedade etnocêntrica que em geral se afirma como descendente de europeus, e despreza as tradições ameríndias, empurrando os índios para esteriótipos de falta e inferioridade.

Os grupos presentes dançaram também de alegria pelo encontro de parentes e afins, pelo bom encontro entre aqueles que se complementam e caminham juntos.

Conhecimentos ancestrais sobre remédios da mata e alimentação kaingang foram partilhados com que esteve no encontro. E no pátio da aldeia, as margens da mata, rituais dos kujã com fumaças e banhos de ervas foram organizados, para fortalecer e auxiliar a todxs em suas caminhadas.

No topo do Morro do Osso, de pé, dançaram e oraram, os sábios kujã, ao lado dos kaingang que lutando pela Terra, lutam pelos seus!

Davi Limeira de Oliveira, Kaingang de 22 anos foi assassinado em Vicente Dutra.

Por Bernardo Jardim Ribeiro

Segundo informações repassadas por lideranças indígenas, o professor Davi participava de um evento festivo no município de Vicente Dutra na noite de sexta-feira, 07, de novembro. Por volta de 1h da manhã ocorreu uma pequena confusão entre alguns participantes. Davi foi envolvido e acabou sendo esfaqueado pelas costas. Teve os pulmões perfurados e veio a falecer quase que instantaneamente. (info do CIMI).

Esta claro que esse “acontecimento” não é casualidade. Segundo as informações das lideranças kaingang, a pessoa que assassinou Davi foi mandada e paga por “outra pessoa”. Como tentativa de desarticulação de uma luta pela terra e de amedrontamento, matando para ameaçar, escondendo os motivos do assassinato trás de “incidentes”, os políticos e pistoleiros, políticos pistoleiros do interior estão usando os mesmos velhos métodos colonialistas para acabar com intuitos de rebeldia. Davi era um professor bilíngue, ensinava aos kaingang a falar e escrever na sua própria língua, o que, por muito surreal que pareça, representa um perigo para os mecanismos de controle do estado.

Porém, frente a isso, os kaingang seguem firmes. O único que o governo consegue através desse tipo de pratica etnocida é a perda da sua credibilidade e “confiança” que se esforçaram em inculcar nos povos indígenas através de tantos anos de assistencialismo, paternalismo, patrocinado por uma política bienestarista, buscando tornando os indígenas, “cidadãos” cada vez mais dependentes do Estado.

Como dizem os guerreiros kaingang: “Nos, Kaingang, não temos medo de morrer, temos medo de ser esquecidos”. Difundido o assassinato de Davi, pretendemos não deixar que ele seja esquecido. Apelamos à solidariedade com o povo Kaingang com todas as formas possíveis…

Força aos guerreiros kaingang de Rio Dos Indios! Estamos juntxs!

Documentário “Bicicletas de Nhanderú” é disponibilizado na Internet

https://www.youtube.com/watch?v=edKtJmY65wM

Uma imersão na espiritualidade presente no cotidiano dos Mbya-Guarani da aldeia Koenju, em São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul.

CRÉDITOS
Direção e fotografia: PATRICIA FERREIRA (KERETXU), ARIEL DUARTE ORTEGA
Fotografia: JORGE RAMOS MORINICO
Edição: TIAGO CAMPOS TORRES
Produção: VÍDEO NAS ALDEIAS
FICHA TÉCNICA
Duração: 48
Ano: 2011
Região: Rio Grande do Sul
Línguas: Guarani
Cor: colorido
Som: estéreo
Formato de tela: 4/3
Legendas: Espanhol, Francês, Inglês, Português

PRÊMIOS
Prêmio Cora Coralina — XIII FICA, Festival Internacional de Cinema Ambiental, Goiás, Brasil, 2011.

Aldeia Marakanã resiste!

Retirado de Autogestão:

No Domingo, dia 15/12, a polícia tentou invadir a ocupação Aldeia Maracanã, porem com esta se encontrava com bastante apoio, pois o encontro da F.I.P. (Frente Independente Popular) estava ocorrendo no local e, junto com os moradores, ajudaram na resistência, não deixando que o desalojo ocorresse.

Hoje (dia 16/12)  pela manhã, em um esquema de guerra contra a

população,foi fechada a Radial Oeste e o Choque preparou o despejo. Cerca de 20 com

panheirxs foram detidos e levados para a 18 DP que se encontra na Praça da Bandeira.

Pedimos a todxs que apareçam na delegacia para que façamos peso para libertar nossos companheirxs!

Aldeia Maracanã Resiste!!!! Viva a resistência indígena!!!

Toda a solidariedade e força necessária! Aldeia Maracanã Resiste!!!

Hoje, dia 16/12/2013, mais uma vez, vimos a ação violenta do Estado. A ocupação indígena Aldeia Maracanã foi desalojada.

Mais uma vez a população indígena e popular e massacrada pelo poder do capital e deixada sem sua terra, seu teto, seu lar. Xs companheirxs foram presos e levados para 16 D.P. onde apoiadores da ocupação se encontram na porta, para dar o apoio necessário, porem, continuamos sem mais informações, e fazemos o apelo para todxs que se puderam somar na porta da delegacia seria de grande ajuda.

VIVA A RESISTÊNCIA INDÍGENA !!!

CONTRA O ESTADO E O CAPITAL!!!